"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Animação Cultural

Ciclo de Conferências "Pensar os Dias que Correm"

“Portugal - Como Identidade Aberta…”, com o Dr. Guilherme D’Oliveira Martins, dia 20 de outubro às 18h30, no Restaurante do El Corte Inglés, Lisboa.

20 Out 2015  |  18h30

El Corte Inglés
Entre as Avenidas António Augusto de Aguiar, Marquês de Fronteira e Sidónio Pais.
O caso da cultura portuguesa ilustra a mediação entre as concepções instrumental e primordial da identidade nacional.
Em lugar do primado da Nação temos uma interação entre o Estado e a Nação, em que o primeiro teve um papel orientador insubstituível. José Mattoso defendeu, por isso, uma ideia que se demarca do reducionismo identitário - apesar de se interrogar sobre se não seriam já portugueses os velhos habitantes do território a que hoje chamamos Portugal. Denis de Rougemont disse que Portugal é o paradigma de uma identidade nacional perfeita. Com uma língua de expressão global e sem haver uma etnia, mas sim várias, a verdade é que a identidade foi sendo moldada pelo Estado e por uma vontade - a partir de um cadinho ou melting-pot, muito bem caracterizado por Orlando Ribeiro entre o Atlântico e o Mediterrâneo e entre o Litoral Norte, o Interior Norte e o Sul - com clivagens caracterizadoras de múltiplas diferenças - Norte/Sul; Campo/Cidade; Litoral/Interior, planície/montanha, Beira Serra/Alentejo?
E como não lembrar os estímulos externos, base da oposição entre “castiços” e estrangeirados, bem como a difícil gestão de um império universal, sempre feita da tensão entre força centrífugas e centrípetas. No dizer de Manuel Villaverde Cabral: «por mais paradoxal que possa parecer em um país tão antigo como Portugal, com uma coincidência alegadamente perfeita entre Estado e Nação, a verdade é que o processo de nacionalização das populações - talvez devido aos profundos curto circuitos da cidadania, dependentes por seu turno dos atrasos da alfabetização das massas e do distanciamento entre estas e o poder político - encontra-se longe de estar completo em Portugal».
Há uma participação limitada das populações na cultura, mas há uma tomada de consciência sobre a identidade (e até sobre a hiperidentidade, parafraseando Eduardo Lourenço)  - o que não significa que haja uma "crise" de identidade.
Há um processo complexo que se desenvolve e que, no contexto europeu, simultaneamente, se unifica e se abre. Leia-se Eça de Queiroz e veja-se como nos é oferecida por ele a construção de um imaginário romanesco ancorado nas raízes e numa apurada visão crítica sobre o presente e o futuro. Unamuno considerou, assim, a geração de 1870 como eixo de gravidade do século de ouro português.

Guilherme d’Oliveira Martins nasceu em Lisboa, 1952. Licenciado e Mestre em Direito pela Universidade de Lisboa. É Presidente do Tribunal de Contas; Presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção; Presidente do Centro Nacional de Cultura. Foi Presidente da EUROSAI (2011-2014); Ministro da Presidência (2000-02); Ministro das Finanças (2001-02); Ministro da Educação (1999-2000); Secretário de Estado da Administração Educativa (1995-99); Deputado à Assembleia da República (7 Legislaturas); Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PS (2002-05); Vice-Presidente da Comissão Nacional da UNESCO (1988-94); Presidente da SEDES (1985-95); Secretário-Geral da Comissão Portuguesa da Fundação Europeia da Cultura; Membro da Convenção sobre o Futuro da Europa; Presidente do Steering Committee do Conselho da Europa que elaborou a Convenção de Faro sobre o valor do Património Cultural na sociedade contemporânea (Out. 2005). Principais obras: Lições sobre a Constituição Económica Portuguesa (1983-85), 2 vols.; Oliveira Martins – Uma biografia, 1986; Ministério das Finanças – Subsídios para a sua História no Bicentenário da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda, 1988; Escola de Cidadãos, 1991; Portugal – Instituições e Factos, 1992; O Enigma Europeu, 1994; Educação ou Barbárie?, 1998; Constituição Económica Portuguesa – Ensaio Interpretativo (com Prof. A.L. Sousa Franco), 1996; Oliveira Martins, Um Combate de Ideias, 1999; Audácia de País Moderno – Educação 1999-2000, 2001; O essencial sobre Oliveira Martins, 2002; Que Constituição para a União Europeia?, 2003; O Novo Tratado Constitucional Europeu, 2004; Europa, Portugal e a Constituição Europeia (coordenação científica), 2006; Portugal, Identidade e Diferença – Aventuras da Memória, 2007; A Lei de Enquadramento Orçamental. Anotada e Comentada (em colaboração), 2007; O Novo Tratado Reformador Europeu. Tratado de Lisboa – o Essencial, 2008; Património, Herança e Memória – A Cultura como Criação, 2009, 2ª ed. 2011; Os Grandes Mestres da Estratégia. Estudos sobre o poder, a guerra e a paz , (editor científico com Ana Paula Garcês) 2009; 200 Anos do Nascimento de Alexandre Herculano: Mestre-Cidadão, 2010; Mounier: O Compromisso Político, de Guy Coq (tradução e prefácio), 2012; Na Senda de Fernão Mendes – Percursos Portugueses no Mundo, 2014.

Inscrições disponíveis no Ponto de Informação, no Piso 0, do El Corte Inglés de Lisboa ou através do e-mail relacoespublicas@elcorteingles.pt
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