O ano começa sob o signo de Orfeu.
Invocado pela Orquestra Sinfónica Portuguesa e, depois, na versão da ópera de Phillip Glass, não podia ser mais adequado. A tarefa de resgatar de lá do fundo, das profundezas do desterro, o prazer de viver – uma Eurídice a quem é concedida uma segunda vida – parece assentar nestes tempos como uma luva. Na versão de Glass, é também Jean Cocteau que é convocado, numa porosidade de tempos e referências que cruzam mundos.

Janeiro é também o momento do início de um novo
programa, a Carta Branca a Jonathan Uliel Saldanha, o artista que convidámos para fazer uma programação de música no cruzamento entre Portugal, o Uganda, o Haiti e o Brasil, países que atravessam a sua própria criação. Mas é também o regresso de Olga Roriz ao Grande Auditório, com a criação Insónia.

Em fevereiro, dois solos trazem outros tantos regressos à Black Box: André e. Teodósio (Teatro Praga) e Jorge Andrade (mala voadora), presenças recorrentes no CCB, desta feita em formato experimental.

Os Sete Lágrimas iniciam o projeto de colaboração deste ano com a Fábrica das Artes, num ciclo que envolve espetáculos, conferências e o mapeamento de novos criadores para a infância.

Finalmente, março traz uma nova produção do CCB, a versão do filme Ensaio de Orquestra, de Fellini, por Tónan Quito e a Orquestra de Jazz do Hot Club de Portugal a repensar a grande alegoria sobre o poder, a revolta e a autoridade, que tão polémica foi há 40 anos – e hoje, outra vez, tão atual.

Também a atenção à mais jovem criação está presente num novo projeto, GaivotasBelém, que nos une ao espaço Rua das Gaivotas 6 para mapear os artistas emergentes.

Eurídice regressada, portanto.
Não a deixemos festejar sozinha.

Delfim Sardo
Administrador