Sobre elas podem tirar-se diversas interpretações, como o corpo belo, fisicamente atraente e erótico, respeitando forçosamente os cânones da estética moderna, da sociedade, e da história da arte. Porém, o objetivo da exposição é também mostrar o outro lado que a mulher oculta atrás da sua estética: a parte incutida pela natureza, a reprodução, a gravidez, o aborto, o esforço, o sacrifício, e a tristeza.

Nenhuma pose contém alegria, não porque esta não lhe seja digna, mas porque assumo um ponto de vista feminista e não a considero implícita. Vemos uma mulher corpo. Uma mulher sapiens extraterrena, suprema, mãe e pai de todos. Vemos o corpo no sentido de modelo visual e superficial, não obstante o direito a esse modelo, e no sentido intrínseco à sua condição de mulher como género, muitas vezes impulsionado pelas idealizações sociais, impulsionado também pela supressão: magreza, distorção, barriga prenha do compromisso abortado pela absolvição. Numa perspetiva académica, são realçados, nos pés, nas mãos e nos seios, não mais do que o característico: nos pés a determinação, nas mãos a agilidade, e nos seios a vida, ainda que, por vezes, amputada.

Ficha técnica
Todos os desenhos são em 42 x 59 cm, de posição vertical e horizontal.
As técnicas utilizadas nos diferentes desenhos foram: grafite; tinta-da-china, pastel de óleo e pastel seco, e tinta aguarela. Realizados por volta de 2005. Sem títulos.

Agora acerca das fotografias, aqui vai a síntese:

"Na mostra, apresentamos a mulher sob os canones estéticos contemporâneos: mulher- estrela, brilhante, independente, vaidosa, introspetiva, alegre, serena, confiante e narcisista. O que é contraposto pelo estilo do conjunto de desenhos académicos da exposição.

Ao nível técnico, as imagens substanciam-se em fotografias, tendo sido trabalhadas, por cima, ao nível experimental, com técnicas mistas, de forma a realçar as características de brilho e de "maquilhagem".

A exposição está dividida, pela simbologia e pelo recorte técnico utilizado, em dois estilos contrastantes."

Rita Moura