Novembro é sinónimo de estreia da produção própria do Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto. A escolha recaiu em A Promessa, a peça que “revelou” o dramaturgo Bernardo Santareno e que regressa ao Porto 60 anos após a sua primeira apresentação. O espetáculo, que estará em cena de 16 de novembro a 3 de dezembro, conta com encenação de João Cardoso, dramaturgia de Constança Carvalho Homem e cenografia e figurinos de Nuno Carinhas, diretor artístico do TNSJ.

A peça, que conta com uma mão cheia de personagens repletas de simbolismo, tem como foco um jovem casal que vive o drama de ser prisioneiro de uma promessa, da qual não se consegue libertar: Maria do Mar e José fizeram um voto de castidade com o intuito de salvar o pai deste de uma tempestade. Um ano após o casamento, Maria do Mar arrepende-se desse voto, contudo cumpre-o cegamente pelo atormento da superstição. O aparecimento de Labareda faz despertar a sua sensualidade reprimida, assim como o ciúme e os instintos mais violentos de José. O desfecho adivinha-se trágico, num culminar de superstição e fervor religioso.

Escrita em 1957, A Promessa estreou-se no Porto, em novembro desse ano, pela companhia do Teatro Experimental do Porto com encenação de António Pedro. Na época intensificava-se a opressão do fascismo e a peça acabou depois por ser proibida por pressões da Igreja Católica, já que “o ambiente de religiosidade erótica” foi muito criticado. Bernardo Santareno é o pseudónimo de António Martinho Rosário, que conciliou a profissão de psiquiatra com a escrita para teatro, tendo alcançado com a estreia de A Promessa um lugar de destaque na história do teatro português.

O espetáculo é para maiores de 12 anos e pode ser visto à quarta-feira e sábado, às 19h00; na quinta e sexta-feira, às 21h00; e no domingo, às 16h00. No dia 3 de dezembro, a récita de A Promessa conta ainda com audiodescrição e tradução em Língua Gestual Portuguesa. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros.