Uma Peça | Um Museu
Cadeira de D. Afonso V
Esta cadeira, proveniente do convento franciscano de Santo António do Varatojo (Torres Vedras), fundado em 1470 pelo rei D. Afonso V (1438-1481), constitui-se como um dos mais antigos espécimes de mobiliário nacional. Uma Peça do Museu Nacional de Arte Antiga.
Cadeira de D. Afonso V
Cadeira de braços, dita de D. Afonso V
Madeira de carvalho, c. 1470-1475
Convento do Varatojo (Torres Vedras), 1913
Inv. 51 Mov
Vários testemunhos associam este móvel ao monarca português. De facto, nos textos dos cronistas da Ordem, a alusão à existência no convento da cadeira de D. Afonso V é recorrente e a sua conservação por sucessivas gerações de frades deverá ser entendida como preservação da fundação régia do convento, pois mais do que um simples objeto pessoal, a “cadeira de estado” revestia-se de uma forte carga simbólica associada ao poder real.
A análise estilística e formal do exemplar permite enquadrar a execução deste móvel de assento na produção europeia do final do século XV. Uma observação atenta de peças congéneres e, sobretudo, a análise de testemunhos visuais de interiores norte europeus que nos são dados quer pela pintura, quer pela iluminura de produção francesa e flamenga, permite constatar estarmos perante um modelo em tudo semelhante. Assim, há que questionar a sua eventual produção em território nacional, eventualmente por artífices estrangeiros, ou a sua produção além-Pirinéus, o que só poderá vir a ser comprovado por documentos.
Diversos desenhos e fotografias antigos da cadeira permitem recuperar as diversas intervenções de restauro do móvel desde a época em que ainda se conservava no convento até à intervenção levada a cabo pelo Conselho de Arte e Arqueologia, antes da sua definitiva incorporação no Museu Nacional de Arte Antiga, em 1913. Em 1977, nova intervenção retificou esse restauro, eliminando o que então lhe fora acrescentado de acordo com um critério revivalista, responsável pela introdução de elementos não originais.