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ENTRE AZENHAS | Percurso Pedestre de Nisa

O percurso inicia-se em Montalvão, povoação rural e pitoresca, rodeada pelos rios Tejo e Sever, cujas habitações se destacam no alto de um monte isolado na paisagem.


PR 7 - ENTRE AZENHAS

Acesso: NISA > EN 359 > MONTALVÃO
Gau de dificuldade: FÁCIL / MÉDIO
Etensão: 6,5 KM

O percurso inicia-se em Montalvão, povoação rural e pitoresca, rodeada pelos rios Tejo e Sever, cujas habitações se destacam no alto de um monte isolado na paisagem. Observe as ruínas do castelo, de onde se contemplam as paisagens alentejana, beirã e espanhola, e percorra as ruas da antiga vila, apreciando as casas caiadas de branco e os rodapés azuis e amarelos das fachadas. As igrejas Matriz e da Misericórdia, o pelourinho manuelino e as capelas de S. Pedro e do Espírito Santo são outros locais de visita obrigatória. Na Casa do Povo conheça alguns instrumentos ligados ao linho, outrora importante recurso económico da povoação. Siga então pelo caminho que nos conduz até às encostas do Sever, passando junto ao cemitério da aldeia e a antigos currais, que há muito deixaram de dar guarida a gado. Atravesse uma série de hortas, percorrendo trilhos de pé posto vincados entre eucaliptos e alguns pinheiros. Mais abaixo, revelam-se, finalmente, por entre o denso arvoredo, as margens escondidas do rio, numa zona de declives acentuados, onde abundam as fontes e nascentes, e cujos solos foram amplamente cultivados e rentabilizados no passado, nomeadamente com a atividade da pastorícia.

Depois de encontrarmos a margem do Sever, que nasce na encosta norte da serra de São Mamede e desagua no Tejo, servindo de fronteira entre Portugal e Espanha em três quartos do seu percurso, surge a primeira nascente deste trajeto, cujo rasto aponta na direção da submersa azenha do Nogueira, a apenas alguns metros. Nesta área esculpida pelos cursos de água, as margens enchem-se de freixos, choupos e junco, enquanto que nos caminhos abundam a esteva, a giesta, o medronheiro, o mortunheiro e o zambujeiro. A zona é igualmente propícia à observação da fauna local. O veado, o javali, a corja, a garçareal, a cegonha-negra, o melro, a perdiz e o pato-bravo são alguns dos animais que por ali se avistam, com o território espanhol espreitando em permanência do outro lado. Siga o trilho, passando por entre vegetação densa, e aprecie as panorâmicas sobre o rio ou os muitos pegos, onde se pode pescar o barbo, a carpa ou o achigã. Acompanhe então a margem, em direção ao norte, até à azenha do Artur, local privilegiado para merendar e onde o esperam as fontes férreas e um pequeno abrigo em xisto. Abandonando a margem, iniciamos a subida acentuada, eucaliptal adentro, acompanhados de fartas giestas e estevas. Mais acima, impõe-se a paisagem de sobro, que nos acompanha no regresso a Montalvão por caminhos de terra batida, ladeados por muros baixos de grossas lajes de xisto e palmilhados no passado por camponeses e contrabandistas. Procure então nos cafés e tabernas da povoação as sopas de peixe e os petiscos de javali, e leve para casa algum artesanato, como os trabalhos em madeira e ferro.

Ermida de N.ª Sr.ª Remédios
A par das touradas à vara larga, a festa de Nossa Senhora dos Remédios, que tem lugar a 8 de setembro, é uma das principais manifestações culturais de Montalvão. Não muito longe desta ermida, junto à estrada que liga a povoação à localidade espanhola de Cedillo, existe uma anta, monumento habitual por estas paragens.

Azenhas Artur e Nogueira
Integralmente construídas em xisto, são duas das estruturas onde antigamente se fazia a moagem do trigo cultivado nos montes em redor do Sever, hoje totalmente submersas pela barragem de Cedillo. Tradicionalmente, a corrente do rio era desviada até à azenha, movendo a mó ao incidir na roda motriz. O sistema chegou à península no século X através dos árabes, precursores de engenhos hidráulicos como o açude, o alcatruz, a nora e a picota.

Contrabando
Na década de 1930, com a Guerra Civil Espanhola, escasseiam no país vizinho produtos como pão, açúcar, sabão, tabaco ou sal. Devido à falta de emprego e ao trabalho rural mal remunerado, o contrabando torna-se um meio de subsistência para muitas famílias da região. De noite e de bolsos cheios, homens, mulheres e crianças de Montalvão, Nisa, Salavessa, Monte do Duque, Pardo e Arneiro passavam a pé o Sever e percorriam trilhos e veredas até à fronteira, evitando os guardas-fiscais portugueses ou os carabineiros espanhóis, sendo esperados pelos compradores que vinham de Cedillo. Este percurso deu lugar à Rota do Contrabando.



Aspectos de interesse

RIO SEVER
O rio Sever nasce na encosta norte da serra de São Mamede, servindo de fronteira entre Portugal e Espanha ao longo de mais de quarenta quilómetros. Três quartos do seu percurso são partilhados entre os dois países, numa extensão que vai de El Molino de la Negra até à barragem de Cedillo, onde desagua no Tejo. O Sever é não só um dos principais cursos de água originários do norte alentejano a afluir naquele rio internacional (para além das ribeiras de Nisa, de Sor e de Seda), mas também, juntamente com o Sorraia, um dos principais afluentes da sua margem esquerda.

FONTES
Por detrás do denso arvoredo desta zona de declives acentuados revelam-se não só as margens escondidas do rio Sever, mas também abundantes fontes férreas e nascentes, que brotam do interior de solos outrora ocupados com searas de trigo e rentabilizados com a atividade da pastorícia. Estas fontes, dispersas ao longo dos vários trilhos de terra que serpenteiam os montes em redor do Sever, abasteciam não só os lavradores e moleiros que ali trabalhavam diariamente, mas também os pescadores ocasionais que por ali passavam.


Fauna e flora em destaque

CARPA: Peixe de dorso castanho esverdeado, comum nas albufeiras e cursos de corrente fraca com vegetação abundante. Alimenta-se de invertebrados, plantas e algas. Pode chegar aos 120 cm e viver até aos 50 anos.

MURTA: As folhas deste arbusto, conhecido por murteira ou murtinheira, eram usadas em preparados farmacêuticos. As suas flores brancas são utilizadas em perfumaria, enquanto que das bagas azuladas, chamadas murtinhos ou mortunhos, se faz licor.

A ter em conta: Preste atenção, pois se o nível da água estiver baixo, é possível observar as azenhas a emergirem, ficando-se com uma noção mais aproximada destas construções.


Contactos úteis:
Junta de Freguesia de Montalvão | Tel: 245 743 132
GNR - Montalvão | Tel: 245 743 114
Marisqueira «O Rei do Camarão» (tem quartos) | Tel: 245 743 447
Café «Fonte Cereja» | Tel: 245 743 343
Associação Montalvanense de Atividades Recreativas e Culturais (AMARC) | Tel: 245 743 280

>> Folheto [dpf]
 

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