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Roteiros

FIGURAS DE LISBOA (Roteiro 1)

Começamos esta busca da memória da cidade na Praça do Comércio, sob o Arco da Rua Augusta, virando pelas arcadas à esquerda para encontrar o Martinho da Arcada.

A figura de Fernando Pessoa (1888-1935) aqui impõe-se, e a presença desse homem que era muitos num só, parece viva num ambiente cercado de referências em fotografia e até em azulejo. Logo no bar de entrada deparamo-nos com dois registos de desenho em traço azul sobre branco lembrando as famosas pinturas que Almada Negreiros fez para o restaurante Os Irmãos Unidos. Na sala do restaurante, são imagens fotográficas do poeta que se distribuem pelas paredes. Definitivamente, a sua figura ocupa aqui o espaço todo, fazendo esquecer todos os outros - políticos, intelectuais, conspiradores - que por aqui passaram desde pelo menos 1782 quando a casa se chamava da neve italiana.

Prossigamos pela Rua da Alfândega para encontrarmos o monumental pórtico manuelino da Igreja da Conceição Velha.

Da antiga Misericórdia de Lisboa temos o tímpano do pórtico que esteve guardado no interior da Igreja e por isso conserva em todo o seu esplendor a qualidade do talhe da pedra que «desenha» com segurança inúmeros rostos de personagens que se abrigam sob o manto da Virgem.

Entre reis, rainhas, bispos e papas quis-se ver neles representados Leão X, a própria fundadora das Misericórdias portuguesas, a grande Rainha D. Leonor (1458-1525), e até D. Manuel I: a verdade é que se trata de figurações simbólicas onde, se quisermos, porque não, poderão ser estes contemporâneos da obra.
Vale a pena entrar para ver a antiga capela lateral que pertenceu a uma das mais enigmáticas personagens lisboetas do século XVI: Dona Simoa, uma negra de São Tomé que acumulou uma imensa fortuna e que por isso pôde instituir uma capela perpétua para a salvação da sua alma. Encomendou a Jerónimo de Ruão - o arquiteto a quem a Rainha D. Catarina de Austria (1507-1578), casada com D. João III e irmã do Imperador Carlos V, mandou reconstruir a capela-mor do Mosteiro dos Jerónimos - esta belíssima obra de revestimento de mármores de cores contrastantes, que se tornou um dos mais importantes exemplares da arquitetura maneirista portuguesa.

Logo adiante encontramos a famosa Casa dos Bicos mandada construir pelo primeiro presidente da Câmara de Lisboa, Brás Afonso de Albuquerque (1500-1580), filho do grande conquistador de Goa, injustamente esquecido e que foi dos mais importantes intelectuais da sua época, humanista e grande cidadão. Construiu esta casa dos «Diamantes» para sua casa de cidade a qual espantou de tal forma a populaça que logo constou que com a sua imensa fortuna ele colocara uma pedra preciosa em cada bico da fachada. Daí o aforismo «que não se perca a casa dos bicos».

No século XVI toda a frente ribeirinha desta zona da cidade cobriu-se de palácios e casas grandiosas. Ao lado de Albuquerque viviam os Condes de Portalegre, os Duques de Aveiro e os Condes de Linhares, todos eles aparentados entre si ou com interesses económicos e políticos comuns. Foi com uma das filhas destes condes de Linhares que D. Manuel casou o jovem Brás, mandando nessa altura que o seu nome fosse substituído pelo do pai para que a memória do "Marte da Índia" por ele fosse sempre perpetuada.
Do palácio destes Condes existem ainda vestígios num cunhal do n.º 64 da Rua do Cais de Santarém onde se vê um brasão encimado por um leão rampante.

Alfama, o bairro que se estende para detrás desta fachada de palácio, deve o seu nome às boas águas de nascente que brotam um pouco por todo o bairro, aí encontraremos muitas fontes e chafarizes de que há notícia desde a Idade Média, sendo o mais conhecido o Chafariz D’el Rei. Um pouco mais à frente encontramos o Chafariz de Dentro ou dos Cavalos.

Mas o que mais nos prende a atenção neste largo é sem dúvida a Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa que lhe fica defronte. Entremos para prestar homenagem aos grandes nomes que honraram com as suas vozes a canção de Lisboa. São inúmeros os fadistas, em boa hora representados num painel que fica ao fundo do Museu. Vale a pena avivar a memória, destacando alguns cujas toadas ainda ressoam na nossa memória. Mesmo que a listagem se possa tornar exaustiva, todos eles merecem o quadro da glória e a palma da fama que os vai libertando da lei da morte. Entre os castiços lembram-se Alfredo Marceneiro, Rodrigo, Hermínia Silva, Natércia da Conceição; entre os fadistas de revista, Maria José Valério, Vasco Rafael e Tony de Matos; do fado aristocrata ou de salão podem-se apontar Teresa Siqueira, os Câmara – o pai Vicente da Câmara e o filho José da Câmara -, Luz Sá da Bandeira, Maria Teresa de Noronha, João Braga, António Pinto Basto, Tristão da Silva e os irmãos Câmara Pereira. E, finalmente, as divas: Maria da Fé, Argentina Santos, Cidália Moreira, Lucília do Carmo (mãe do conhecido Carlos do Carmo), Natércia Maria, Alda de Castro, Celeste Rodrigues (irmã da maior diva de sempre do fado, Amália Rodrigues). Tal como a Amália, o fado nunca morrerá, por isso aqui se registam dois jovens nomes irrefutáveis: Camané e Dulce Pontes. Mas muitos mais se poderiam referir como Mafalda Arnauth, Maria Ana Bobone, Rodrigo Costa Felix e outros que farão a glória do fado no século XXI.

Continuando o nosso percurso, sigamos pela rua do Jardim do Tabaco em passo largo até chegarmos ao Museu Militar que alberga um verdadeiro panteão de heróis nacionais.
Uma vez lá dentro olhemos o teto. O painel central, pintado por A. de Souza Rodrigues em 1905, apresenta uma alegoria às descobertas e conquistas, e é emoldurado por uma série de bustos pintados com aqueles que, aos olhos dos portugueses do início do século XIX, eram as figuras maiores da nação.

Assim, Vasco da Gama (1469?-1524) ladeia o Rei D. Manuel, (1469-1521), Dom José (1714-1777) surge na sequência do Marquês de Minas, e finalmente o grande defensor da identidade nacional, Nuno Álvares Pereira (1360-1431). O painel do lado direito é todo dedicado a uma plêiade de famosas figuras do glorioso passado português: Martim Moniz 1147, Nuno G. de Faria 1373, Duarte de Almeida 1476, os heróis da Índia, D. Francisco de Almeida, D. João de Castro e D. Duarte de Menezes. O pintor Alves de Sousa, autor deste painel de 1913, não quis deixar de fazer figurar o lídimo "cantor" da gesta nacional, Luís de Camões (?- 1580) como não podia deixar de ser, já que Portugal, país de poetas, escolheu este poeta para símbolo da própria pátria. Mas sobrou ainda espaço para outra personagem já do século XVIII, Lopo de Mendonça 1717. Do lado oposto, o painel do teto foi pintado por M. Oliveira: vê-se uma homenagem à cidade de Lisboa, e em torno dela novamente grandes do passado onde se contam o navegador Fernão de Magalhães que, com a sua viagem de circum-navegação deu o nome ao Estreito, (cª 1480-1521), o Infante D. Henrique (1394-1460), o Conde de Amarante 1814, Pero da Covilhã 1387, D. João II (1455-1495), grande impulsionador dos Descobrimentos, Conde de S. Maria 1833 e Afonso de Albuquerque (1445/1462-1515), herói da Índia.

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