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Património

Café Nicola, património da vida de Lisboa, ruma à classificação oficial

A sua história remonta ao séc. XVIII e é Café Nicola há quase 90 anos. Abertura do procedimento para a classificação deste histórico do Rossio foi publicada em Diário da República.

Imagem de João Nicolau Imagem de Pedro Cunha DR/LCH DR/LCH DR/LCH


Um dos últimos grandes cafés históricos de Lisboa, o Nicola é um verdadeiro sobrevivente. Sendo do "tempo dos primeiros botequins, no século XVIII, abertos por italianos", como se diz no seu bilhete de identidade, o café, com a sua icónica fachada (da autoria do arquiteto Norte Júnior) a marcar o Rossio, aproxima-se agora da oficialização da classificação patrimonial: a abertura do procedimento, iniciado pela Direcção-Geral do Património Cultural, foi publicada na passada quarta-feira em Diário da República.

O antigo Botequim do Nicola viveu várias vidas – inclusive tornar-se a "segunda casa" do poeta Bocage – até ser promovido a Café Nicola em 1929 (foi inaugurado como tal a 2 de outubro de 1929). Poucos anos depois, transformar-se-ia no espaço que conhecemos atualmente.

Foi em 1935 que se deu a "intervenção que nos propicia alguns dos recantos que nos levam ainda hoje a querer entrar", sintetiza-se nas Lojas com História, chancela que detém por direito: "as pinturas de Fernando Santos que retratam Bocage e a sua época, e a visão arquitetónica de Raul Tojal, que buscou modernizar o espaço recorrendo ao vocabulário da época, o estilo Déco e geométrico." Nos interiores, como salienta a autarquia lisboeta, notabilizou-se pela talha de madeira, ferros forjados e muitos lustres.

Muita história de Lisboa e boa parte da do país passou pelo Nicola ou às suas portas. Lá dentro ou cá fora, na sua emblemática esplanada com vista para o Rossio - ainda hoje um elemento central do coração alfacinha, além de um verdadeiro íman turístico - sentaram-se as grandes figuras portuguesas dos últimos dois séculos.

Mas, claro, a celebridade maior ligada ao espaço continua (e continuará) a ser o seu cliente poeta, embora nascido em 1765 e falecido em 1805. Até porque uma das mais lendárias aventuras do boémio poeta foi resumida numa quadra, que o eterniza tanto a ele quanto ao café: "Eu sou Bocage / venho do Nicola / vou p’ró outro mundo / se dispara a pistola".


in Público | 21 de fevereiro de 2019
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público 

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