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Teatro

Nova evocação do centenário de Bernardo Santareno

Recordamos agora que Santareno é autor de cerca de 20 peças e textos dramáticos, escritas e quase todas representadas.

"O Duelo", Bernardo Santareno, Museu Nacional do Teatro


No último artigo aqui publicado, referimos o centenário de Bernardo Santareno (António Martinho do Rosário - 1920-1980), pondo em destaque as grandes linhas da sua atividade profissional e literária e salientando obviamente a criação dramatúrgica deste médico/escritor que sobretudo, mas não exclusivamente, se dedicou ao teatro e como tal marcou e marcará a dramaturgia com coerência e destaque para certas características, designadamente a partir de uma citação desenvolvida por Miguel Real, a propósito da peça “O Judeu” de Santareno. Citamo-la no artigo anterior.

Recordamos agora que Santareno é autor de cerca de 20 peças e textos dramáticos, escritas e quase todas representadas, note-se bem, pois dessa circunstância não se podem referenciar muitos dramaturgos modernos, e não somente em Portugal. Nesse aspeto, aliás, Santareno marcou também, não só a criação dramatúrgica em si, mas também a capacitação de realização em espetáculo profissional de muitas das suas peças.

E vale pois novamente a pena, e amplamente se justifica, esta abordagem do teatro de Santareno: pela qualidade da obra em si, pela heterogeneidade de géneros e temas, mas sobretudo pela conciliação da expressão literária com o sentido de espetáculo que a obra de Santareno impõe.

E mais se justifica, como diversas vezes aliás temos feito, estabelecer um agrupamento qualificativo desta vasta obra dramática, que percorre uma variedade notável de géneros e estilos, a partir da dominante conciliatória da linguagem poética com o realismo subjacente, sobretudo nos aspetos criticistas que envolve: e isto, tendo designadamente em vista a conciliação, digamos dessa forma, da dimensão de espetáculo, da poética da linguagem e sobretudo da relevância cultural e da atualidade crítica – mesmo em peças que, pela forma e pelo conteúdo, remetem a épocas, estilos e ambiente bem diversos.

E precisamente, nesse sentido, retomamos uma análise crítica de géneros, estilos e expressões dramáticas.

Assim, tal como temos escrito, há que salientar desde logo as peças passadas em meios urbanos, ligados alguns à atividade de criação artística que Santareno bem conheceu, ou identificou: cite-se designadamente “O Bailarino”, “A Excomungada – Irmã Natividade”, “Os Anjos e o Sangue”, “Anunciação”, “O Inferno”, numa conciliação desigual entre o realismo social e a criação poética, aliás constante nesta vasta dramaturgia.

Mas a esse quadro, acrescentam-se algumas peças iniciáticas que conciliam uma ligação direta à natureza, e nesse grupo tiramos algumas das primeiras obras: “A Promessa”, “O Lugre”, “O Crime de Aldeia Velha”, “O Duelo”, “O Pecado de João Agonia”, “A Traição do Padre Martinho”, “O Punho”.

Cita-se agora um conjunto de peças agrupadas, para efeitos de publicação, e marcadas por certa circunstancialização no grupo abrangente denominado “Os Marginais e a Revolução”: veja-se “Restos”, “A Confissão”, “Monsanto”, “Vida Breve em Três Fotografias”.

E finalmente: Santareno esteve ligado ao teatro de revista, aliás na altura marcante como espetáculo crítico... citamos designadamente três quadros que o próprio autor identificou com designações abrangentes: “Os Vendedores da Esperança”, “A Guerra Santa” e “O Milagre das Lágrimas”.

Será interessante esta evocação pois corresponde a uma intervenção dramatúrgica de Bernardo Santareno, que dessa forma até mais cobre o vastíssimo espetro do teatro português. 

Duarte Ivo Cruz

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