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Navio holandês afundado no século XVII possivelmente identificado em Melides

Rompimento da barra da Lagoa de Melides pôs a descoberto possíveis vestígios de navio holandês naufragado em 1626 ao largo desta vila alentejana.
 

 

A monitorização e avaliação, nomeadamente do estado de conservação, deste achado fortuito, só visível durante a maré-baixa e que entretanto foi reenterrado pelas dinâmicas do estuário prestes também a desaparecer quando a Lagoa fechar de novo, foram asseguradas por uma equipa do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), em conjunto com a Direção Regional de Cultura do Alentejo, a Câmara Municipal de Grândola e o projeto apoiado pelo Orçamento Participativo de Portugal 2018 “Um Mergulho na História”. Foi ainda determinante para o sucesso dos trabalhos desenvolvidos a colaboração da Administração da Região Hidrográfica do Alentejo, da GNR, da Capitania do Porto de Sines e da Polícia Marítima.

Os trabalhos arqueológicos, de emergência dada a reduzida janela temporal disponível, realizados pela equipa do projeto “Um Mergulho na História” permitiram o registo tridimensional do destroço e colher uma amostra duma tábua de forro exterior da embarcação. Esta amostra será fundamental para, recorrendo à dendrocronologia, método de datação através da análise dos anéis de crescimento da madeira, validar a hipótese de se tratar de destroços do Schoonhoven, jacht holandês que segundo registos históricos naufragou ao largo de Melides a 23 de janeiro de 1626.

De facto, investigação histórica realizada no âmbito do projeto “Um Mergulho na História”, permitiu estabelecer que a 20 de dezembro de 1625 parte da ilha de Texel, na Holanda, sob o comando de Kornelis Hartman, o navio Schoonhoven. Construído em 1619 e pertencente à Verenigde Oost-Indische Compagnie, este jacht de 400 toneladas faz a sua terceira viagem em direção à Ásia, num percurso que se vê interrompido pelo seu naufrágio na costa de Portugal.

Documentação inédita, pertencente quer ao Arquivo Histórico Ultramarino, quer aos Arquivos Holandeses, permitiu, não só identificar Melides como o local da ocorrência deste naufrágio como também dar a saber as diligências desenvolvidas por instituições locais no sentido de arrecadar os salvados arrojados à costa.

Agostinho Dias, que "assistia em Melides à fábrica das madeiras de pinho para as naus da Índia", escreve ao Vedor da Fazenda dando conta de como naquela paragem dera à costa, por temporal, uma nau holandesa e que, da gente que levava, “morrera a maior quantidade”. É ainda notado que na dita nau se “levavam onze âncoras e que eram muito boas para naus suas que lá estavam e para tiros e dezasseis peças [de artilharia], duas de corso e as mais de defesa”.

A 27 de janeiro, o Juiz de Fora de Setúbal escreve carta para Lisboa afirmando que “na costa de Melides, [na altura do] termo de Santiago de Cacém, deu à costa uma nau que dizem ser da Holanda e segundo parece pelo que tem saído em terra devia ir carregada de mantimentos por se achar muita carne na costa desta vila e na de Tróia e Melides; me dizem haver saído pipas de vinho e outras coisas de que não tenho bastante notícia por ser o tempo ser muito tempestuoso”.

Destroços também possivelmente deste navio haviam sido antes identificados por mergulhadores na Lagoa de Melides. No entanto, o fenómeno natural motivado pelas fortes chuvadas durante a primeira metade de fevereiro expôs durante um breve período de tempo o destroço ora identificado. A rapidez na visita ao local, após participação também célere ao CNANS do achado pelo arqueólogo municipal de Grândola, permitiu agora recolher material que permitirá saber, através da dendrocronologia, a data de abate da árvore que deu origem à tábua, a sua espécie, ou ainda o tipo de clima onde cresceu.

Estes dados serão fundamentais para afirmar com maior certeza se este destroço pertencia ao malogrado Schoonhoven que terá tentado provavelmente abrigar-se em Melides numa última manobra desesperada. De facto, informação histórica disponível, incluindo estampas publicadas em obras desta época, mostram que existia um estuário onde hoje se localiza a Lagoa, sendo pois possível a navios de porte considerável fundearem junto à Vila de Melides.

De tal dá conta a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, como cantada por Fausto Bordalo Dias:

“Sonhei muitos, muitos anos por esta hora chegada
De Lisboa para a Índia vou agora de abalada
Mas em frente de Sesimbra, logo um corsário francês
Nos atirou para Melides com o barco feito em três
E por Deus e por el rei, que grande volta que eu dei”


 

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