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(XV) O Genial Carlos Seixas

Conta-se que a Domenico Scarlatti (1685-1757), o extraordinário músico, foi perguntado na chegada a Portugal pelo infante D. António, irmão do rei D. João V, se poderia encarregar-se de dar algumas lições de aperfeiçoamento ao jovem António Carlos Seixas, ao que o italiano terá respondido que tal seria difícil, uma vez que, perante o “apuradíssimo dedo” do jovem de Coimbra, era ele mesmo que desejava receber ensinamentos do português.


Lenda ou não, até porque Carlos Seixas era muito mais novo e Scarlatti era um dos maiores cravistas do seu tempo, considerado até superior a Händel, a verdade é que a celebridade do português cedo atravessou fronteiras, apesar de um relativo apagamento formal… Carlos Seixas (1704-1742) é considerado um excecional compositor de concertos e sonatas para instrumentos de tecla, sendo hoje as suas obras conhecidas universalmente, e ele o autor português mais divulgado, discutindo-se as relações e influências das suas obras. Figura cimeira da música portuguesa do séc. XVIII, o seu estilo tem sido alvo de grande debate, nomeadamente na questão da influência de Domenico Scarlatti. O compositor e cravista italiano foi contratado pelo Rei D. João V, em 1719, para exercer as funções de Mestre da Capela Real portuguesa, tornando-se professor de cravo da Infanta Dona Maria Bárbara, filha do monarca, que casaria com o rei Fernando VI, e do Infante D. António. Carlos Seixas tornou-se então organista da Capela Real. As sonatas de Carlos Seixas representam de um modo brilhante a transição estilística entre as épocas Barroca e Clássica.

José António Carlos Seixas nasceu em Coimbra em 11 de junho de 1704. Era filho de Francisco Vaz e de Marcelina Nunes, e estudou com o pai, a quem substituiu como organista da Sé Velha de Coimbra, cargo que exerceu durante dois anos. Aos 16 anos partiu para Lisboa e foi solicitado como professor de música das famílias da corte, bem como nomeado organista da Sé Patriarcal e da Capela Real. Carlos Seixas gozava da fama de ser excelente músico e mestre muito celebrado, impondo-se como organista, cravista e compositor. Com o seu trabalho sustentou a mulher, que desposara aos 28 anos, e os cinco filhos, dois filhos e três filhas, e adquiriu algumas casas nas vizinhanças da Sé. Em 27 de abril de 1736 foi eleito Almotacé de Lisboa (encarregado da verificação dos pesos e medidas e da qualidade dos abastecimentos). Carlos Seixas, sendo Mestre da Capela Real, morreu a 25 de agosto de 1742, com apenas 38 anos de febre reumática. A obra de Seixas é muito significativa da sua época e dos ambientes que frequentou, havendo clara influência da corte do rei Magnânimo e preferência pelas peças de carácter vistoso e brilhante. Oiça-se o Concerto em Lá maior e depressa se compreende a originalidade e o grande domínio instrumental. As cerimónias religiosas ou cortesãs em que intervinha, designadamente para apresentar as suas célebres sonatas, foram sempre muito concorridas e apreciadas, uma vez que o artista tinha uma grande versatilidade, como solista, diretor de orquestra e compositor. 

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