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Fotógrafo alemão Thomas Struth vence Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2024

Este reconhecimento europeu presta homenagem à excecional contribuição de um dos maiores fotógrafos do nosso tempo para a promoção do património cultural e dos valores europeus.

O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva foi instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura, em colaboração com a Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa e com o apoio do Ministério da Cultura, do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.

Júri do Prémio concedeu também um Reconhecimento Especial à bailarina cipriota Ioanna Avraam, atualmente primeira-bailarina do Ballet da Ópera de Viena, pela sua contribuição para a promoção do património cultural intangível.

A cerimónia de atribuição do prémio terá lugar em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, no próximo dia 21 de outubro às 18h00.

Reagindo à notícia, Thomas Struth afirmouEstou absolutamente encantado por receber o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva.

Gostaria de agradecer do fundo do meu coração ao Júri e ao Centro Nacional de Cultura. Sinto-me honrado por fazer parte de uma série de importantes figuras culturais que já receberam este prémio no passado. A consciência de uma Europa unida e do seu património cultural é particularmente importante no mundo de hoje. 

Júri do Prémio salientou: A obra de Thomas Struth encarna o que é essencial em termos de património: retrata pessoas, cidades, museus, ambientes, tecnologias, e é uma revelação para todos daquilo que muitos não conhecem. É um europeu aberto ao mundo, com uma admirável intuição. Se uma imagem vale mais que mil palavras, Thomas Struth “escreveu” uma obra monumental que mostra e promove a paixão pelo património, tanto europeu como universal, evitando, como o próprio faz questão de dizer, “que as coisas morram”.

O Júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, presidido por Maria Calado, Presidente do Centro Nacional de Cultura, é composto por especialistas independentes nos campos da cultura, património e comunicação de vários países europeus: Francisco Pinto Balsemão (Portugal), Presidente do Conselho de Administração do Grupo Impresa, Piet Jaspaert (Bélgica), Vice-Presidente da Europa Nostra, João David Nunes (Portugal), Vice-Presidente do Clube Português de Imprensa, Guilherme d’Oliveira Martins (Portugal), Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Irina Subotic (Sérvia), Presidente da Europa Nostra Sérvia e Marianne Ytterdal (Noruega), Membro do Conselho da Europa Nostra. 

  © Pergamon Museum, Berlin 2001  

Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2024 para Thomas Struth

Thomas Struth (nascido em 1954 em Geldern, na Alemanha Ocidental) é conhecido pela sua série Museum Photographs, imagens coloridas monumentais de pessoas a admirar obras de arte em museus. As suas fotografias são caracterizadas pelas cores exuberantes e uma extrema atenção aos detalhes e, devido ao seu grande tamanho, têm um efeito hipnotizante. Reconhecido pelo seu trabalho fotográfico desde a década de 1970, Struth é movido pela ideia de que a arte deve “mostrar o que os outros não veem”.

Struth inicialmente estudou pintura com o pintor alemão Gerhard Richter na Staatliche Kunstakademie de Düsseldorf. As primeiras fotografias de Struth foram paisagens urbanas a preto e branco daquela cidade, feitas para auxiliar a sua pintura. Após uma exposição de trabalhos de estudantes em 1976, juntou-se ao primeiro curso de fotografia da Alemanha, na Kunstakademie de Düsseldorf, então acabado de fundar por Bernd e Hilla Becher. A Kunstakademie concedeu a Struth uma bolsa de estudos para viver e trabalhar entre 1977 e 1978 na cidade de Nova Iorque. Aí continuou a trabalhar com paisagens urbanas: imagens inusitadas de ruas sem gente, sem trânsito e com o movimento incessante típico de uma grande metrópole.

Após essa bolsa de estudos, Struth viajou muito, criando fotografias de ruas de cidades como Paris, Roma, Munique e Tóquio, ou Charleroi, na Bélgica, e Colónia, na Alemanha, evitando sempre locais conhecidos e atrações turísticas. Em cada uma dessas cidades, pesquisou os locais certos para fotografar e fez as suas imagens usando uma câmara de grande formato montada num tripé, muitas vezes posicionada no meio da rua. Com os locais que escolheu e a arquitetura e outros elementos que incluiu nas suas composições, esperava transmitir mais sobre a cidade e o seu atual estado físico e o seu carácter do que sobre a sua própria perspetiva pessoal.

As primeiras experiências a cor de Struth ocorreram por volta de 1980 e, em meados dessa década, parou de exibir o seu trabalho em sequências e, em vez disso, mostrou cada impressão como um trabalho individual.

Struth começou os seus retratos de família no final dos anos 1980. As identidades dos membros da família são comunicadas através dos detalhes nítidos incluídos na imagem – as fotografias revelam a identidade, a história e muitas vezes o estado psicológico através da postura e dos gestos, do vestuário e do ambiente físico dos retratados.

Os retratos de Struth levaram-no à volta do mundo para documentar famílias. Em 2011, foi contratado para fazer o retrato oficial da Rainha Isabel II de Inglaterra e do Príncipe Filipe no 60º aniversário da sua coroação.

Em 1989, Struth iniciou uma série a que chamou de Museum Photographs, que consiste em imagens de visitantes de museus e galerias. Algumas fotos são contemplativas, como a Kunsthistorisches Museum 3, Viena (1989), que mostra um homem admirando o Retrato de um Homem, de Rembrandt; outras fotografias da série são preenchidas por pessoas tentando vislumbrar a obra de arte, como em Stanze di Raffaello 2 (1990), tirada no Vaticano nas salas de frescos pintados pelo mestre renascentista italiano.

Como desdobramento dessa série, Struth criou Audiences (2004), para a qual fotografou pessoas a partir da perspetiva da obra de arte exposta. Colocou, por exemplo, a sua câmara abaixo da escultura de David, de Michelangelo, para capturar as expressões faciais dos espectadores que olhavam para a obra-prima do artista. Struth terminou a série museológica em 2005, depois de fotografar no Museu do Prado, em Madrid, em frente à obra Las Meninas (1656), de Diego Velázquez.

Várias exposições individuais em grande escala do trabalho de Struth foram realizadas em museus de todo o mundo a partir de meados da década de 1980, incluindo uma grande retrospetiva em 2010 – Thomas Struth: Fotografias 1978–2010. A exposição teve origem no Kunsthaus Zürich e viajou para Düsseldorf, Londres e Porto (Serralves).

Nature & Politics é um dos seus mais recentes trabalhos, centrado em fotografias tiradas ao longo dos últimos anos na Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) e no Leibniz Institute for Zoo and Wildlife Research (IZW), dois dos centros de investigação científica mais prestigiados do mundo, onde a escala e a complexidade da experimentação escapam à maioria de nós. Nesta série, Thomas Struth explora a relação com a ciência e a tecnologia, a forma como desafiamos coletivamente a natureza e o nosso desejo inextinguível de fazer progredir o conhecimento humano.

Reconhecimento Especial para Ioanna Avraam

O Júri do Prémio decidiu também atribuir um Reconhecimento Especial à bailarina cipriota Ioanna Avraam: Através da sua arte, Ioanna Avraam contribui para a promoção do património cultural intangível, promovendo valores como a liberdade, a igualdade e o respeito pela diversidade.

Ao receber a notícia, Ioanna Avraam sublinhou a importância de, enquanto artista, através da arte e dos valores que promove, lutar contra todas as formas de desencanto, como as guerras de poder, a destruição ambiental, a pobreza, a desigualdade, a exclusão social e o fanatismo religioso e nacionalista. Agradeço ao Júri este prémio especial, que também homenageia o Vienna State Ballet, uma companhia multicultural. Este prémio destaca ainda a minha pequena e infelizmente parcialmente ocupada terra natal, Chipre.

Ioanna Avraam é a bailarina principal do Ballet Estatal de Viena. A sua carreira inclui diversos papéis do repertório clássico, neoclássico e contemporâneo, que interpreta recorrendo à sua extraordinária técnica, mas também à arte requintada e única que traz para a sua interpretação. É frequentemente convidada para dançar como artista convidada em muitos países da Europa e de outros continentes, tornando-se assim uma exemplar embaixadora do Património Cultural Europeu.

Ioanna Avraam participou em diversas competições internacionais e ganhou prémios de prestígio. Recentemente, venceu o Prémio Artista 2023 da Academia de Ciências, Letras e Artes de Chipre. No último concerto de Ano Novo em Viena, exibido em todo o mundo, milhões de amantes da cultura tiveram o prazer de desfrutar da sua atuação.

Nascida em Nicósia, começou a ter aulas de ballet aos quatro anos de idade na escola de Nadina Loizidou em Limassol. Continuou os seus estudos com uma bolsa na Heinz Bosl Stiftung Ballet Academy em Munique, Alemanha. Esta bolsa foi-lhe concedida após ter sido finalista do Prix de Lausanne, na Suíça. Ao concluir os seus estudos, fez uma audição para o Ballet Estatal de Viena e, tendo sido selecionada, escolheu viver e trabalhar naquela que é uma das capitais culturais mais significativas do mundo. Começou como membro do Corp de Ballet, depois progrediu para Demi Solista, Solista e finalmente foi promovida a Bailarina Principal.

Sobre o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva

Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, promovido pelo Centro Nacional de Cultura em colaboração com a Europa Nostra e o Clube Português de Imprensa, recorda a jornalista, escritora, ativista cultural e política portuguesa Helena Vaz da Silva (1939-2002), em memória e reconhecimento da sua notável contribuição para a divulgação do património cultural e dos ideais europeus. É atribuído anualmente, desde 2013, a um cidadão europeu cuja carreira se tenha distinguido por atividades de difusão, defesa e promoção do património cultural da Europa, em particular através de obras literárias ou musicais, reportagens, artigos, crónicas, fotografias, cartoons, documentários, filmes e programas de rádio e/ou televisão. O Prémio conta com os apoios dos Ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Turismo de Portugal.

Os laureados anteriores deste prémio foram Jorge Chaminé, Presidente do Centro Europeu da Música (2023), a maestra ucraniana Oksana Lyniv (2022), a coreógrafa de dança contemporânea belga Anne Teresa De Keersmaeker (2021), o poeta português e bibliotecário da Biblioteca do Vaticano José Tolentino Mendonça (2020), a física italiana Fabiola Gianotti (2019), a historiadora e locutora britânica Bettany Hughes (2018), o cineasta alemão Wim Wenders (2017), o cartoonista editorial francês Jean Plantureux, conhecido como Plantu, e o filósofo português Eduardo Lourenço (ex aequo, 2016), o músico e maestro espanhol Jordi Savall (2015), o escritor turco e Prémio Nobel Orhan Pamuk (2014) e o escritor italiano Claudio Magris (2013). Os seus discursos nas cerimónias de atribuição deste Prémio podem ser ouvidos aqui.

Fotografia de Thomas Struth: © Atelier Thomas Struth-Vanessa Enders

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