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José Maria Ballester (1940-2025)

Morreu José Maria Ballester amigo do Centro Nacional de Cultura e antigo membro do júri do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva.

José María Ballester (1940-2025) iniciou a sua carreira profissional como jornalista, primeiro no diário Madrid, e depois no ABC e no Blanco y Negro, onde foi responsável por uma secção de património e planeamento urbano. Quando a Espanha aderiu ao Conselho da Europa, José María Ballester assumiu por concurso a coordenação dos temas do património cultural desta organização internacional. Ali, colaborou com Marcelino Oreja, que é um dos seus principais mestres.

A sua experiência neste domínio ajudou-o a entender que o património não podia ser compreendido, ou conservado, como uma série de elementos do passado desligados do território que os abriga, dos seus recursos naturais ou das suas tradições. Designou de “inteligência” do território essa preocupação.

Graças a esta visão transversal e complexa do património, reformou a estrutura do Conselho da Europa relativa a este domínio, criando uma única Direção da Cultura, Património Cultural e Natural, consolidando assim a necessária compreensão do património como algo intimamente ligado à paisagem, à sua cultura e estrutura sócio-económica, aos conhecimentos ancestrais que tornaram possível não só habitá-lo, mas também gerar riqueza sem esgotar os seus recursos.

Entre as suas muitas ações como Diretor da Cultura, Património Cultural e Natural do Conselho da Europa estiveram a sua participação ativa na criação e concretização das Rotas Culturais Europeias – a primeira das quais foi o Caminho de Santiago (1987), no que contou com a colaboração ativa de Helena Vaz da Silva; do mesmo modo empenhou-se na proteção do património Balcânico no contexto do conflito bélico que afetou a região, e na reestruturação da conservação do património em países como a Geórgia, após a queda da antiga União Soviética. Um dos últimos documentos internacionais redigidos durante o seu mandato foi a Convenção Europeia da Paisagem (Florença, 2000), que promoveu precisamente a noção de que a conservação da paisagem deve ser entendida de forma ampla, como a gestão do próprio território, do ambiente da vida humana, sem definir algumas paisagens como mais ou menos importantes do que outras, e sem as separar das pessoas que nelas vivem e do património imaterial que contêm, da sua compreensão e dos seus conhecimentos sobre o território. Neste espírito a sua influencia foi decisiva para a preparação e aprovação da Convenção Quadro sobre o valor do Património Cultural na sociedade contemporânea, aprovada em Faro em Outubro de 2005 e entrada em vigor em 2011.

Quando deixou o Conselho da Europa em 2003, José María Ballester foi encarregado pela Fundação Botín, então presidida por Emilio Botín, de criar o Programa de Património e Território da fundação. Trata-se de um projeto pioneiro de desenvolvimento rural, destinado não só a conservar o património do meio rural, mas também a gerar riqueza, fixar a população e promover os recursos do território como no Vale de Nansa e Peñarrubia e em Valderredible.

Este programa foi uma aposta inicial para a conectividade e para a dinamização e modernização dos sectores económicos já existentes na área, de modo a que pudessem gerar mais e melhores oportunidades para os seus habitantes sem perder a cultura e os recursos naturais locais.
Desta forma, o programa assumiu que o património reside em todos os recursos económicos, culturais, naturais e paisagísticos de um território e, portanto, integrou todos os agentes e instituições locais.

José María Ballester foi também membro fundador da Hispania Nostra, e tem sido muito ativo nos órgãos diretivos da Europa Nostra, e como membro do júri dos Prémios do Património Europeu.


Fonte: Centro Nacional de Cultura | 3 de maio de 2025

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