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Cofre do MUDE mostra tesouro português da estilista Vivienne Westwood

“Vivienne Westowwod: O Salto da Tigresa” é a exposição que reúne 50 criações da estilistas britânica. No Museu do Design pode ver t-shirts, vestidos, lingerie, acessórios de bijuteria e sapatos com a assinatura da criadora. O espólio pertence à Coleção portuguesa Francisco Capelo.

Vestido Vivienne Westwood. Coleção Tied to the Mast primavera/verão 1998. Foto de Luísa Ferreira

Rainha da moda Punk, um ícone, mas também uma ativista. Assim foi a vida da estilista e designer de moda Vivienne Westwood cujo trabalho é mostrado, a partir desta sexta-feira, no Museu do Design (MUDE), em Lisboa.

A exposição “Vivienne Westwood: O Salto da Tigresa” reúne 50 criações, sem uma lógica cronológica, mas que espelham um arco temporal que percorre quase toda a carreira da criadora.

O acervo de vestidos, t-shirts, lingerie, acessórios de bijuteria ou sapatos pertence ao MUDE, à Coleção Francisco Capelo. Na apresentação à imprensa, a diretora do MUDE, Bárbara Coutinho explica que a motivar esta exposição está o facto do museu estar a trabalhar sobre a questão da “identidade”.

“Todos sabemos que esta autora, incontornável da moda do século XX, sobretudo a partir dos anos 50 para a frente, foi alguém que assumiu a moda como uma forma de ativismo político, ambiental e social, debatendo-se com uma série de estereótipos, nomeadamente quanto à identidade sexual e de género”, destacou.

Nas palavras da diretora, que fez questão de explicar a aposta do MUDE na moda, apesar de o museu ter perdido essa palavra do seu nome, Vivienne Westwood foi alguém para quem “a moda foi, além de uma expressão artística, também uma força de ativismo e cidadania bastante acentuada”.

Com um título inspirado no pensamento do filósofo alemão Walter Benjamin, a exposição faz o visitante descer as escadas do MUDE – instalado no antigo edifício do Banco Nacional Ultramarino – e entrar nos cofres do museu.

Logo à entrada, ainda antes de passar as portas fortes, o visitante encontra a lógica que a curadora Anabela Becho quis imprimir a esta exposição. Exposto está um vestido de Vivienne Westwood, lado-a-lado, com um vestido português do século XIX, um empréstimo do Museu Nacional do Traje.

A curadora explica que “Vivienne Westwood é sem dúvida considerada como uma das designers mais influentes da segunda metade do século XX, precisamente porque é uma estudiosa. Ela estuda não só a História, mas também a evolução da disciplina e a sua técnica. Ela vai à alfaiataria e à alta-costura”.

Esse estudo que fez reflete-se ao longo da sua carreira e das suas criações expostas. Mas falar de Vivienne Westwood é também falar de irreverência e da sua ligação ao universo da música Punk, dos Sex Pistols. Depois de entrar na exposição, as primeiras peças, umas t-shirts mostram esse lado e a sua profunda ligação aos símbolos nacionalistas britânicos.

 

T-shirt 1976-1977. Grafismo Jamie Reid. Tafetá de algodão, serigrafia Foto Pedro Janeiro

Mas há mais. Vivienne Westwood foi também a estilista que estudou e pensou o corpo feminino e trouxe a roupa interior, em particular o espartilho, para o lado de fora. Na exposição são mostradas algumas dessas peças icónicas, nomeadamente um espartilho que pertence a uma coleção particular.

“É alguém muito revolucionário”, aponta a também historiadora de moda, Anabela Becho. “Esta questão de trazer o vestuário interior para fora, a questão de repensar uma peça polémica como o espartilho, o corpete, e trazê-lo para a contemporaneidade quer dizer que ela marca uma posição”.

“É uma peça polémica”, diz Becho sobre o espartilho sobre a qual Westwood “não teve receio” de trabalhar e de “subverter”, “tornando-a numa peça de empoderamento feminino e de afirmação da fisionomia e da presença feminina”, refere.

A exposição que integra também peças do arquivo da Fundação Calouste Gulbenkian leva o visitante a compreender as pontes que Vivienne Westwood fez no seu trabalho entre a “cultura Pop e a cultura mais erudita, onde vai buscar, à pintura, referências”, indica Anabela Becho.

“Ela agrega e traz muitas referências eruditas para a moda de rua e traz referências da moda de rua para a moda erudita”, explica a curadora que remata dizendo que Vivienne Westwood “faz um cruzamento de diferentes contextos”.

“Vivienne Westwood: O Salto da tigresa” é uma exposição aberta ao público até 12 de outubro e marca a primeira exposição do MUDE dedicada a um só criador. A diretora do museu admite que no futuro possam vir a realizar outras mostras a partir de outros núcleos de outros estilistas.


A Expo de Osaka vem a Lisboa

Em paralelo, o MUDE apresenta ao público outra exposição intitulada “Osaka 55 anos depois. Desenhar o futuro”. Trata-se de um mostra que estabelece um diálogo com a Expo de Osaka que está a decorrer no Japão, recordando outra Expo, em que Portugal também esteve presente, mas há 55 anos.

Bárbara Coutinho – diretora do MUDE explica que “Portugal esteva representado, em 1970, com um pavilhão da autoria de Frederico George e Daciano da Costa e com uma extensa lista de colaboradores onde se destaca António Garcia, mas também o Tomás de Melo, o Sá Nogueira, entre outros”.

Este Pavilhão de Portugal é evocado na exposição, sublinhando Bárbara Coutinho que ele foi realizado “no âmbito da Primavera marcelista e ainda com a Guerra Colonial em curso”.

“Portugal apresenta-se em Osaka, procurando no fundo mostrar o que é que tinha unido as populações através de toda a sua história ecuménica, melhorando a imagem externa do país e procurando investimento externo para Portugal”, indica Bárbara Coutinho.

 

Cadeira Osaka de António Garcia Foto MUDE

A exposição integrada na programação que a Câmara Municipal de Lisboa organiza no âmbito da Expo de Osaka 2025 recupera alguns dos elementos que constituíram o pavilhão nacional há 55 anos.

“Vamos apresentar algumas peças que se tornaram icónicas do Design em Portugal, nomeadamente a cadeira Osaka, ou o serviço de talheres que o Daciano da Costa desenhou para o restaurante do Pavilhão e que estão no nosso acervo”, destaca a diretora do MUDE.

Bárbara Coutinho, lembra a propósito desta exposição o papel que as Expos tiveram. “Desde a primeira edição, foram sempre locais que permitem aos países apresentar as inovações tecnológicas, das mais diferentes áreas. São também áreas de experimentação para a arquitetura e para o design. E trazem atrás de si toda uma questão sobre o que é isto da representação nacional.”

Toda essa reflexão é também lançada a propósito desta nova exposição do MUDE que pode ser visitada até 27 de julho e que conta com Design Gráfico de Francisca Fernandes e Design Expositivo de Luís Bonito.


por Maria João Costa in Renascença | 5 de junho de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

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