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"Manual Para Andar Espantada por Existir"
A escritora Patrícia Portela regressa com novo livro, com a qualidade a que já nos habituou, este livro é um mapa para quem ousa existir de olhos abertos e coração inquieto.

Partindo das Aventuras de João Sem Medo, Patrícia Portela convida-nos a saltar e a atravessar o muro da realidade e a redescobrir a importância da imaginação num tempo em que pensar, sentir e agir se tornaram atos de resistência. Num desfile de encontros com personagens que ecoam o universo de José Gomes Ferreira, a atualidade da sua mensagem impõe-se: num mundo saturado de informação e acontecimentos, enfrentar o medo nunca foi tão necessário.
Excerto do preâmbulo:
“Num ano em que 4 mil milhões de pessoas (aproximadamente metade do mundo) foi a votos para escolher os seus governos e os seus representantes e num ano em que Portugal celebrou o 50º aniversário da Revolução dos Cravos, saltar muros, partir muros, ou até mesmo só falar com muros pareceu-me o gesto mais urgente que poderia fazer para combater o isolamento, a injustiça, a falta de cuidado e a calhordice que por aí anda a empatar dias que poderiam ser muito mais inspiradores.
Num tempo em que o mundo ocidental parece estar em luta com os seus próprios (e duplos) princípios, tornando-se num lugar onde uma pequeníssima minoria sobrevive e enriquece à custa do aprisionamento e tortura de uma larga maioria, cultivar uma imaginação sem freio e uma persistente curiosidade que desafie o medo do desconhecido pode bem ser a única saída para uma sociedade que, demasiadas vezes, condena as gerações mais jovens ao silêncio, ao desprezo ou ao motim.
José Gomes Ferreira escreveu o folhetim As Aventuras de João Sem Medo em 1933 para os seus filhos, na esperança de que nunca se tornassem num desses adultos falsos que sujam o mundo e não acreditam na imaginação. Há mais de 90 anos, imaginem!, e enquanto ele escrevia, iniciava-se, graças a um elevado e promovido abstencionismo considerado como voto de aprovação para uma nova Constituição, o período do Estado Novo em Portugal, ou melhor dizendo, aquela que é hoje considerada a ditadura mais longa da Europa, liderada por um senhor que usava sempre os mesmos sapatos, de seu nome Salazar. Esse quase meio século de ditadura só terminaria a 25 de abril de 1974. Nesse mesmo ano de 1933 e num país não muito distante deste onde José Gomes Ferreira morava e escrevia, o Partido Nazi, presidido por um outro biltre de seu nome Adolf Hitler, obtinha 43,9‰ dos votos nas eleições parlamentares. Esse senhor, que só usava uniformes de marca e já era Chanceler da Alemanha por essa altura, encarregou-se de escorraçar todo e qualquer deputado da bancada comunista e social-democrata da casa da democracia, para logo aprovar, sem impedimentos de maior, a lei da Concessão de Plenos Poderes, iniciando assim, um dos períodos mais sombrios da História Europeia, uma época em que se queimaram pessoas e livros com o objetivo de eliminar uma parte da humanidade e muitas das suas ideias, seguindo uma longa e tristíssima tradição que nos tem acompanhado desde Alexandria à Idade Média.”
Patrícia Portela (1974). É autora de espetáculos, instalações e obras literárias. Tem um mestrado em cenografia e outro em filosofia; estudou dramaturgia, dança e cinema, em Lisboa, Utrecht, Londres, Helsínquia, Ebeltoft e Leuven. Cresceu em Macau, viveu duas décadas em Antuérpia e habitou brevemente em Paris e Poznan mas por razões meramente pessoais. Atualmente vive em Paço de Arcos. Itinera com regularidade pela Europa e pelo mundo e é reconhecida nacional e internacionalmente «pela peculiaridade da sua obra», com a qual recebeu vários prémios. É autora de romances e novelas como O Banquete (2012, finalista do Grande Prémio de Romance e novela APE) ou Hífen (finalista do Prémio Correntes d'Escritas, Prémio Ciranda em 2022 e escrito com uma bolsa DGLAB). É cronista regular do Jornal de Letras, Artes e Ideias desde 2017 e foi cronista na rádio Antena 1 em «O Fio da Meada» por 6 meses (2019-2020). Os seus textos foram reunidos e publicados no livro Crónicas Fora de Jogo em 2022.
Durante a pandemia foi diretora artística do Teatro Viriato em Viseu, que nunca fechou as suas portas (2020-2022), e da Rua das Gaivotas 6, em Lisboa (2023–2024).
Ficha do Livro:
Título: Manual Para Andar Espantada Por Existir
ISBN: 9789722133500
PVP C/ IVA: 16,90€
LeYa | Editorial Caminho