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Festival mostra "melhor do cinema árabe" na Culturgest e na Cinemateca em Lisboa
O Lisbon Arab Film Festival (LAFF) regressa à capital portuguesa no próximo dia 27, com 16 filmes do "melhor do cinema árabe contemporâneo", entre os quais "Promised Sky", a exibir na abertura, selecionado para o Festival de Cannes 2025.

De acordo com a programação divulgada, além deste filme da franco-tunisina Erige Sehiri, retrato íntimo de três mulheres da Costa do Marfim, o festival de cinema árabe de Lisboa, a decorrer na Culturgest e na Cinemateca Portuguesa até 04 de outubro, inclui outros filmes distinguidos pelos principais certames.
É o caso de "Happy Holidays", do palestiniano Skander Copti, prémio de Melhor Argumento no Festival de Veneza 2024, centrado numa família de Haifa, e "Aisha Can’t Fly Away", do egípcio Morad Mostafa, que encerra o festival, sobre uma mulher sudanesa e a afirmação da sua liberdade, selecionado para Cannes, nomeado para a Camera d'Or e melhor filme em Yerevan.
"From Ground Zero", que reúne 22 curtas-metragens de cineastas de Gaza sobre o impacto da guerra, é outra obra anunciada. Coordenada pelo cineasta palestiniano Rashid Masharawi, é uma coprodução entre a Palestina, França, Jordânia, Qatar e Emirados Árabes Unidos, vencedora da edição deste ano do prémio Cinema for Peace, atribuído pela fundação de Berlim com o mesmo nome.
Ao todo, o festival programa 16 filmes, em duas secções, a maioria em antestreia nacional.
Na Culturgest, na Secção Principal, serão exibidos 12 filmes recentes, premiados ou selecionados por festivais como os de Berlim, Marrakech, El Gouna, Red Sea, Malmo, Cannes e Veneza, que "abordam questões sociais cruciais, como a liberdade, a emancipação, os direitos humanos e a migração".
Na Secção Retrospectiva, na Cinemateca Portuguesa, serão projetados quatro clássicos libaneses e tunisinos, que marcam a história do cinema árabe.
Entre eles destacam-se dois filmes da cineasta Heiny Srour: "Leila and The Wolves" (1984), vencedor do Grande Prémio do Festival de Mannheim-Heidelberg; e o documentário histórico "The Hour of Liberation Has Arrived" (1974), na altura nomeado para a Palma de Ouro de Cannes, que é o primeiro filme realizado por uma mulher libanesa.
Esta obra documenta a guerra civil de Omã, através da ação de um movimento guerrilheiro, democrático e feminista, que lutava contra o Sultanato.
Os dois outros filmes da retrospetiva estreiam novas cópias digitais, restauradas pela própria Cinemateca: "Seuils Interdits" (1972), do tunisino Ridha Behi, e "La Noce" (1978), pelo Novo Teatro de Tunis, a partir de "A Boda dos Pequenos Burgeses", de Bertolt Brecht.
Entre os filmes da Secção Principal, contam-se ainda "The Burdened", do iemenita Amr Gamal, sobre a sobrevivência de uma família do seu país, em plena guerra civil; "The Insult", do libanês Ziad Doueiri, sobre um confronto judicial; "A Son", do tunisino Mehdi Barsaoui, com a história de uma criança ferida numa emboscada terrorista; "Thank you for Banking with Us", da palestiniana Laila Abbas, em que duas irmãs confrontam a lei islâmica; e "Beirut Hold’em", do franco-libanês Michel Kammoun, passado num bairro decadente de classe média de Beirute.
"Frantz Fanon", de Abdenour Zahzah, sobre o psiquiatra e filósofo pan-africanista, pioneiro dos estudos pós-coloniais, é outro filme da Secção Principal.
A obra dramatiza a vida do autor de "Em Defesa da Revolução Africana", quando era médico-chefe do Hospital Blida-Joinville e se deparava com patologias específicas resultantes da opressão e do racismo, no início da década de 1950, em vésperas da guerra pela independência da Argélia.
O LAFF tem por objetivo promover "o diálogo intercultural através da linguagem universal do cinema", e mostrar "a realidade, complexidade e riqueza do mundo árabe", ultrapassando "ideias pré-concebidas, através de uma rica seleção de filmes", "numa época em que a diversidade cultural e a compreensão são mais cruciais do que nunca".
Fonte: LUSA | 8 de setembro de 2025