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Festival Porto/Post/Doc dedica 12.ª edição ao "tempo de uma viagem"
A 12.ª edição do festival de cinema documental Porto/Post/Doc decorre entre quinta-feira e 29 de novembro, no Porto, com “o tempo de uma viagem” como mote para uma reflexão sobre migrações, memória e encontro.
“O festival tem um tema, que é abrangente às várias secções, o tempo de uma viagem. Aqui, o tempo de uma viagem também é o tempo de um filme. Em cada sessão, vamos fazer uma viagem, na companhia de refugiados, exilados, pessoas à procura de si mesmas, prisioneiros em licença de fim de semana, pessoas que fogem de perseguição certa por questões de etnia… é esse o tempo de uma viagem que estruturamos para esta edição”, disse o diretor, Dario Oliveira.
Esta viagem já “não é mais o ‘road movie’, a fuga para um lugar por escolha, mas mais a viagem à procura da casa, de um lar, da segurança, do lugar onde se pode viver em paz”.
É o “segundo ato”, de três, de um ciclo dedicado ao movimento dos povos, iniciado em 2024 com “A Europa não existe, eu estive lá”, e que será continuado em 2026 com “O país dos outros”.
“É isso que nos preocupa hoje em dia. Preocupa-nos se formos altruístas, se pensarmos além do nosso umbigo, e espero que seja esse o nosso público. [...] Somos todos uma entidade enorme de sentimentos e capacidade de ajudar o outro, e a arte também deve servir para isso”, acrescenta.
Além de um programa temático com o mote da edição como título, o Porto/Post/Doc conta com oito filmes na competição internacional, outros 22 na de médias e curtas-metragens, 11 no Cinema Falado, dedicado a produções em língua portuguesa, além de secções para novos talentos nacionais e o Transmission, ligado à música.
Monica Stromdahl traz a competição “Pardieiros Americanos”, sobre a crise habitacional nos Estados Unidos, enquanto “Short Summer”, de Nastia Korkia, leva o espectador até à guerra na Rússia, e Igor Bezinovic reencena a ocupação de Fiume pelo poeta Gabriele d’Anunzio e 300 outras pessoas durante 16 meses, em 1919, em “Fiume ou Morte!”.
Entre a produção nacional, Tomás Baltazar apresenta “Cabo do Mundo” em antestreia mundial, como “Infinito Infinito, Na Imaginação da Matéria”, de Mariana Caló e Francisco Queimadela, enquanto “Bulakna”, de Leonor Noivo, questiona os fluxos migratórios de trabalhadoras domésticas das Filipinas e “Ku Handza”, de André Guiomar, passado em Maputo.
Em foco estarão dois cineastas, Lina Soualem, nascida em 1990 em Paris, filha de pai argelino e de mãe palestiniana, que apresenta os filmes “A Argélia Deles” e “Bye Bye Tiberiade”, assim como a série “Oussekine”, além de uma carta branca e de orientar uma aula.
Por outro lado, Andrei Ujica é apresentado pelo festival como “figura central do documentário europeu”, com apresentação integral da sua obra, situada entre o ensaio e a ficção.
O festival entende, então, “um convite a fazer-se esta viagem, todos juntos”. “O tempo de uma viagem congrega em si uma mensagem política, mas também artística, poética”, atira.
Nas sessões de abertura e encerramento, destaca o diretor do evento, filmes sobre a família, começando quinta-feira, pelas 21:15, no Batalha - Centro de Cinema, com “Romaria”, de Carla Simón, e fechando com “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jim Jarmusch, no dia 29, pelas 21:15, também no Batalha.
“Este ano, o festival começa com um filme sobre a família, um diário que a realizadora descobre, e termina com um filme de Jim Jarmusch, também sobre família e relações entre duas gerações. No meio, entre um e outro, temos o tempo de uma viagem. Há uma construção programática que as pessoas podem induzir, descobrir, ver ao máximo, ou escolher consoante as possibilidades, ver o início de carreira da Madonna [‘Tornar-se Madonna’], a secção de filmes portugueses…”, convida Dario Oliveira.
O festival decorrerá sobretudo no Batalha - Centro de Cinema e no Passos Manuel, tendo também sessões no Planetário do Porto, na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e no Rivoli, entre outros.
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Fonte: LUSA | 18 de novembro de 2025

