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Museu Nacional da Música abre em Mafra com instrumentos para tocar
Até ao final do mês de novembro a entrada no novo Museu Nacional da Música é gratuita. Este fim de semana há concertos no museu que duplica a sua área de exposição. A abertura é sábado, às 14h30.
Pode um museu da música ter cheiro? Pode um museu da música propor uma visita em silêncio? O novo Museu Nacional da Música que abre ao público no Palácio Nacional de Mafra este sábado, às 14h30, contém tudo isto.
Depois das obras com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o museu, que funcionou até 2023 em instalações provisórias na estação do Metropolitano do Alto dos Moinhos, abre portas numa área reabilitada do Palácio Nacional de Mafra.
São oito mil metros quadrados que estavam desocupados e que vão permitir ao Museu Nacional da Música duplicar a área de exposição do seu acervo.
Em entrevista o diretor Edward Ayres de Abreu explica que a coleção vai respirar de outra forma, proporcionando ao visitante uma experiência enriquecedora.
“O espaço é muito maior. Vamos poder duplicar o número de peças expostas, mas o mais importante é que podemos dar ao visitante novas perspetivas sobre o que está a ser visto e sentido, porque o museu permite novas formas de escutar a música. É um museu multissensorial”, indica o responsável.
Na inauguração do museu, que coincide com o Dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, serão estreadas várias peças encomendadas. Farão parte do cartaz, além de momentos musicais com artistas como o compositor e percussionista Iúri Oliveira, ou as Orquestras de Foles e a de Gamelão da NOVA FSCH, será também oportunidade de ouvir, no salão imersivo com “22 colunas de som”, a estreia de uma obra encomendada ao ilustrador Bernardo Carvalho e ao músico Ricardo Jacinto.
Programadas uma vez por mês estão visitas ao “Museu Tranquilo”, em silêncio. “Os museus são habitualmente espaços silenciosos”, lembra Edward Ayres de Abreu. Este Museu Nacional da Música contraria essa premissa porque, em cada sala tem uma componente interativa, onde o visitante poderá tocar em pelo menos um instrumento. O primeiro dos quais é um gongo, com três maços diferentes, que permitem produzir sons diversos.
Mas como há pessoas que preferem outro tipo de experiência, o museu irá proporcionar, no último sábado de cada mês, esse tipo de visita, sem som ou música, em que os instrumentos serão cobertos para evitar que alguém toque neles.
Questionado sobre a nova morada do museu, Edward Ayres de Abreu classifica o Palácio Nacional de Mafra como um “monumento espantoso que precisava há muito tempo de ser acarinhado”. “Estamos a ocupar áreas que estavam devolutas, é por isso uma dupla oportunidade de celebrar Mafra e o Museu”, explica.
Envolvido no projeto do museu está o músico Miguel Jalôto, especialista em instrumentos musicais antigos que confessa que olha para o acervo do museu como “uma criança numa loja de doces”.
“Estive a estudar no cravo de Pascal Taskin, de 1782. É um dos tesouros nacionais que o Museu Nacional da Música reúne. São várias as peças que estão assim classificadas e que contam muito, não só da História de música em Portugal, como da música ocidental”, diz o músico. Miguel Jalôto considera que a exposição está “muito mais plural”.
Ao dispor do visitante está uma área de dois mil metros quadrados de exposição, numa reabilitação de uma área total de oito mil metros quadrados, que incluem também área de reservas e espaços comuns como a bilheteira, a loja e cafetaria.
Serão mostradas cerca de 500 peças da coleção. Duas delas, destaca o músico Miguel Jalôto, os dois cravos Antunes. “A coleção não é imensa, mas tem peças importantíssimas”, como é o caso do famoso violoncelo de Stradivarius.
Projeto grava música barroca nunca registada
A abertura do Museu Nacional da Música coincide com o lançamento de um novo projeto musical designado de “Bússola Barroca”, que conta com o apoio da Fundação Gaudium Magnum. Em entrevista ao Ensaio Geral, a sua copresidente, Maria Cortez de Lobão, explica que se trata de um projeto que visa a gravação discográfica de música barroca portuguesa que nunca foi registada.
“Iremos fazer a gravação e um concerto de peças de Carlos Seixas que são inéditas. Ele terá tocado para o D. João V quando as compôs, mas desapareceram do mapa da música desde então”, sublinha Maria Cortez de Lobão, que destaca assim o “esforço entre o Museu Nacional da Música, os peritos das peças e dos restauros e a artista convidada Béatrice Martin”, cravista nascida em França, professora da Juilliard School desde 2015.
A ideia é “pegar numa coisa extraordinária portuguesa, a relação de Carlos Seixas com Domenico Scarlatti, o reinado de D. João V – ele próprio um erudito, um homem que compunha para os seis órgãos da Basílica que ele próprio mandou construir”, e, diz a responsável da Fundação Gaudium Magnum, fazer uma “parceria”, neste caso também com a Fundação italiana Turchini, onde será também apresentado um concerto.
Dona de uma coleção de arte antiga impar, a Fundação Gaudium Magnum é uma das que em regime de empréstimo cederá uma obra de pintura para estar exposta na abertura do Museu Nacional da Música.
O visitante poderá ainda apreciar peças cedidas por outros museus nacionais, como o do Azulejo, o Soares dos Reis, o Museu dos Biscainhos, e o Museu de Arte Contemporânea.
O museu, que abre este sábado ao público pelas 14h30, contará com acessibilidades para pessoas com deficiência. Permitirá por exemplo, para o público cego contar com um pavimento podotáctil, braille e audiodescrição. Haverá também videoguias em Língua Gestual portuguesa.
Até ao final do mês, a entrada é livre, embora sujeita à lotação dos espaços, pelo que é recomendado que seja feita reserva de bilhete através da Bilheteira da Museus e Monumentos de Portugal.
A inauguração este sábado contará com a presença da ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes; do presidente da Câmara de Mafra, Hugo Moreira Luís; e do presidente do Conselho de Administração da Museus e Monumentos de Portugal, Alexandre Nobre Pais.
por Maria João Costa in Renascença | 21 de novembro de 2025
Notícia no âmbito da parceira Centro Nacional de Cultura | Rádio Renascença

