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Faina, de Marta Pais Oliveira, vai ser publicado no Brasil
Faina, de Marta Pais Oliveira, publicado pela Gradiva Publicações – do Grupo Guerra & Paz – será publicado no Brasil em 2026 pela editora Liser.
«A nossa editora tem priorizado romances e obras de ficção que exploram ou se ambientam em épocas e fatos históricos que de alguma forma são representativos para a construção da nossa identidade, enquanto povo e nação. Num país onde há um milhão de pescadores profissionais e quase 800 mil pescadores artesanais, faz-se necessário uma voz que dá vida a essa comunidade tão relevante e, por vezes, tão esquecida do nosso cotidiano», afirma Ana Lopes, editora da Liser.
A decisão de publicar Faina, além da vertente literária e do registo muito particular da obra, integra-se na preocupação de abordar aspectos sociais. Ana Lopes especifica: «Acreditamos que na voz de Marta Pais Oliveira, com sua narrativa forte e jovial, possamos lançar luz sobre as questões desse povo que, apesar de ambientado em outro país, reflete a vida de toda a comunidade pesqueira. Com um romance intenso e comovente que acompanha o dia a dia de um grupo de pescadores do norte de Portugal, essa obra será uma luz sobre as necessidades enxergadas pelo governo [nomeadamente no âmbito do Programa Povos da Pesca Artesanal, que o Governo Federal lançou em 2024] e que devem passar pela nossa concepção de povo e nação. É uma obra que esperamos seja de grande impacto e ao mesmo tempo sensível às questões sociais.»
Marta Pais Oliveira, que tem já três obras publicadas na Gradiva e que em 2026 volta a ter um novo romance na editora, refere: «É uma grande alegria ver Faina atravessar o Atlântico e chegar aos leitores brasileiros. Partilhamos o mar e tradições piscatórias artesanais e este livro trabalha a memória para que não nos esqueçamos dos esforços dos nossos ancestrais. Para meditarmos sobre uma ideia de comunidade esquecida pelo progresso, sobre as prisões das mulheres, ou sobre a criação como uma forma de liberdade.»
O editor Manuel S. Fonseca destaca o trabalho de Guilherme Valente e Helena Rafael na defesa dos autores da Gradiva e na divulgação internacional das suas obras, bem como o papel dos programas de apoio à publicação das obras no estrangeiro: «É uma missão a prosseguir no futuro».
Faina foi uma das três obras da Gradiva Publicações a constar da Linha de Apoio à Edição no Brasil 2025, da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas. As outras duas obras foram Os Lusíadas, na edição anotada por António José Saraiva, e O Drama de Magalhães, de Luís Filipe Thomaz. «É muito gratificante ver que os nossos autores podem chegar a leitores deste nosso país-irmão que é o Brasil. Mas a verdade é que temos autores com obra publicada em vários outros países, e isso traduz muito bem o enorme potencial das suas obras, que nos orgulhamos de publicar cá dentro», remata o editor.
Escrito com uma força narrativa singular, Faina acompanha o dia a dia de um grupo de pescadores do norte do país: homens e mulheres divididos entre o cansaço e a solidão, a espera e os sonhos, num meio onde os contrastes sociais se acentuam e o mar e a tradição se diluem com a chegada do progresso.
MARTA PAIS OLIVEIRA (Porto, 1990) é autora dos romances Escavadoras (Gradiva, 2021, Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís) e Faina (Gradiva, 2024, Finalista do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz). Publicou os contos O Homem na Rotunda, Quando Virmos o Mar e Medula (Prémio Nortear Galiza – Norte de Portugal, levado a cena pela Peripécia Teatro), Tenho os Olhos a Florir (Gradiva, 2024) marca a entrada na literatura infantojuvenil.
Recebeu o Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho com o inédito Como Caminhar num Pântano, que será publicado em 2026.
Enquanto dramaturga, escreveu os libretos das óperas Maria Magola, Madrugada: As razões de um movimento, Belo é o Destino Desconhecido, o teatro musical O Guarda-Rios Mágico e o circo Cícero e o Milagre da Vida. Estreia-se na não-ficção com A Última Lição de José Gil (Contraponto, 2025), longa entrevista ao filósofo. Acaso é Nascer (Flâneur, 2025), edição solidária pelas crianças palestinianas, é o seu mais recente livro.
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