Encontros
Destecer o Artesanato é o mote da 3ª edição do encontro "Em Concreto"
3ª edição da iniciativa coorganizada pel’A Oficina e o Centro em Rede de Investigação em Antropologia da Universidade do Minho tem lugar na Casa da Memória de Guimarães a 13 de dezembro.

13 Dez 2019 | 09h30
A 13 de dezembro, sexta-feira, na Casa da Memória de Guimarães, o Património Cultural Imaterial volta a estar em destaque no encontro ‘Em Concreto’, cujas inscrições já se encontram abertas. A Oficina e o Centro em Rede de Investigação em Antropologia da Universidade do Minho voltam a associar-se para organizar um encontro em torno das questões relacionadas com o Património Cultural Imaterial. A intenção é a mesma das duas edições anteriores: trabalhar a partir de experiências de terreno. Desta feita, o tema é o Artesanato, que se encontra numa altura de grandes e diversas incertezas. A entrada neste encontro é livre mediante inscrição prévia até dia 9 de dezembro. Na mesma ocasião, será lançado o 13º volume da revista de estudos em património cultural, Veduta.
Os usos mais frequentes da palavra “artesanato” e dos seus derivados indicam que está com frequência associada a diversas certezas, por vezes contraditórias. Só pode ser feito “à mão”. É lento. Produz objetos únicos. Nunca é massificado. Recorre a materiais “naturais”. É uma forma essencial de expressão da uma identidade cultural – e um dos elementos importantes da sua reprodução. É ameaçado pela globalização. Não é arte. É popular. É influenciado pelos gostos das elites. É tradicional. É património. É sempre um fator potencial de desenvolvimento local sustentável.
No entanto, uma observação atenta da nebulosa artesanal portuguesa (mas, no essencial, as realidades são neste momento semelhantes no resto do mundo) mostra que as certezas são frágeis, as circunstâncias são múltiplas, os limites são esbatidos, as dinâmicas são divergentes. O artesanato encontra-se, portanto, numa altura de grandes e diversas incertezas. Importa destecer as imagens que lhe são associadas, de modo a tentar perceber as razões da sua persistência perante a evidência da sua desadequação à realidade. Procurar-se-á, sobretudo, idealizar instrumentos e orientações de reflexão e de intervenção mais adequados e eficazes. Como nas duas edições anteriores, o título do encontro indica uma preocupação em trabalhar a partir de experiências de terreno adquiridas por pessoas envolvidas na área e, em simultâneo, o desejo de propor pistas novas e realistas, formuladas a partir de situações observadas e vividas em concreto.
O programa desta edição ‘Em Concreto’ – disponível em www.casadamemoria.pt – tem apresentação de Jean-Yves Durand (CRIA-UMinho) e Catarina Pereira (A Oficina - Centro de Artes e Mesteres Tradicionais de Guimarães) e conta com a participação de Ana Pires, Graça Ramos (Associação Portugal à Mão), João Ribeiro da Silva (DRCN - Direção Regional de Cultura do Norte), Bebiana Pereira, Rosa Azevedo, Vera Alves, Ana Saramago (Hardcore Fofo), Conceição Rios, Cristina Vilarinho e Alberto Azevedo (Projecto A2), Rita Ruivo (Bordar em Português), Susana Calado Martins e Marco António Santo (Barroca – produtos culturais e turísticos). O programa termina com uma visita à Loja Oficina, por altura da inauguração da exposição Maria Fernanda Braga - Retrospetiva 20 anos. A entrada neste encontro – que decorre a 13 de dezembro entre as 9h30 e as 18h00 – é livre mediante inscrição prévia até ao próximo dia 9 através do e-mail casadamemoria@aoficina.pt ou do telefone 253 424 700.
A noção de “património cultural imaterial”, instituída há pouco mais de 10 anos, tem suscitado uma grande atenção por parte da sociedade portuguesa. Numerosos instrumentos, projetos e formações, num quadro institucional ou particular, têm tentado responder a este interesse. Imbuídas neste contexto, as duas edições anteriores do encontro ‘Em Concreto’ aconteceram em 2016 e 2018, centrando-se no tema “Património Cultural Imaterial” no terreno – expetativas, experiências, perspetivas. Para além d’A Oficina e do Centro em Rede de Investigação em Antropologia – UMinho, a organização do segundo encontro contou ainda com a colaboração do Instituto de Etnomusicologia – Centro de Estudos em Música e Dança (INET-md), juntando funcionários de instituições culturais, decisores políticos, investigadores, participantes em iniciativas patrimoniais locais, e propondo um esforço de reflexão e criatividade aplicadas a uma intervenção etnográfica centrada nas dinâmicas sociais e culturais contemporâneas.