Ao longo do século XX, foram muitos os compositores que buscaram na música popular a inspiração e a matéria que serviu de base às suas obras. Melodias que se desenharam nas teias da transmissão oral transformaram-se, deste modo, no seio da tradição clássica, contribuindo com a sua identidade para a construção de sonoridades inconfundíveis. Nos casos de Portugal e do Brasil, os expoentes máximos desta linha estética foram Fernando Lopes-Graça e Heitor Villa-Lobos, respetivamente. Lopes-Graça viria a escrever em 1970 a obra «O túmulo de Villa-Lobos», dedicada ao músico brasileiro. Mas antes, em 1965, compôs a Suíte Rústica N.º 2 para quarteto de cordas, uma das obras que melhor ilustra esta orientação criativa. Já no Quarteto de Cordas N.º 1, Villa-lobos recuperara em 1946 uma «Suíte graciosa» estreada em 1915 em Buenos Aires, onde permanecem vagas reminiscências do Tango. O programa completa-se com as «Catorze anotações» de Lopes-Graça, uma partitura de 1966 onde se revela a faceta mais experimental desta grande figura da música portuguesa no século passado.
Villa Lobos, Lopes-Graça
Fernando Lopes-Graça Suíte Rústica N.º 2, LG 85
Fernando Lopes-Graça Catorze Anotações, LG 86
Heitor Villa Lobos Quarteto de Cordas N.º 1, Op. 50
Solistas:
Carlos Damas, Elena Komissarova violinos, Andrei Ratnikov viola, Jian Hong violoncelo
entrada livre – condicionada à capacidade da sala