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Conferências

A Comuna de Paris e as Conferências do Casino

A jornalista e investigadora Ana Rocha propõe em duas sessões revisitar estes importantes acontecimentos históricos, que nos farão também refletir sobre o nosso presente.

15 Nov 2021  |  18h00

Centro Cultural de Belém
Praça do Império, 1449-003 Lisboa

22 Nov 2021  |  18h00

Centro Cultural de Belém
Praça do Império, 1449-003 Lisboa


Pressagiando a forma como a Comuna de Paris terminaria num banho de sangue, Victor Hugo escreveu que «em determinados momentos, os povos colocam tudo em questão e tais terramotos sociais têm consequências trágicas». Durante a Semana Sangrenta que decorreu entre 21 e 28 de Maio de 1871, no turbilhão da derrota dos partidários da Comuna, os excessos de violência e a repressão impiedosa instalaram-se nos dois campos inimigos e os parisienses presenciaram e participaram na denúncia, perseguição e fuzilamento de milhares de communards.

O fim da insurreição popular francesa, que tinha durado 54 dias, e os seus últimos incidentes explosivos coincidiram com a semana do lançamento em Lisboa das Conferências Democráticas do Casino. À época, Antero de Quental e Eça de Queiroz eram jovens de 29 anos e de 25 anos de idade, respectivamente, assistindo de longe à hecatombe da Comuna de Paris.

«A resistência fez saltar uma velha sociedade pelo petróleo, pelo dinamite e pela nitroglicerina!», lê-se no derradeiro capítulo de O Crime do Padre Amaro. Com a sua corrosiva ironia, em sete páginas com centenas de pontos de exclamação, Eça escreve sobre a Comuna de Paris e, na conversa entre o conde de Ribamar e dois clérigos que decorre sob o pedestal da estátua de Camões no Chiado, é estabelecida uma equação entre o estado da política e da sociedade portuguesas e a insurreição francesa que incendiou uma série de símbolos do poder e do prestígio, tais como o Palácio da Justiça, o Palácio Municipal e o Palácio da Legião de Honra. As palavras do conde de Ribamar são estas: «Depois deste exemplo da Comuna, não se torna a ouvir falar de república, nem de questões sociais, nem de povo! É possível que haja um ou dois esturrados que se queixem e digam tolices sobre a decadência de Portugal e que estamos num marasmo! Baboseiras!» Provavelmente, os referidos «esturrados» seriam o próprio Eça e Antero de Quental, dois dos protagonistas das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense, lançadas em 22 de Maio de 1871. – Ana Rocha

(A autora escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico)

Programa

15 novembroNa Iminência da Comuna de Paris
22 novembro  – A Comuna de Paris e as Conferências do Casino

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