“Nas profundidades das minhas emoções tento extrair a efervescência das coisas, nestas pinturas que borbulham, fazendo vir à superfície a manifestação do inconsciente em partes que vão ganhando a sua própria lucidez como se cada coisa por si mesma estivesse escondida por baixo de um pano e, na sua intensidade própria, flutuasse entre a beleza do êxtase e uma energia que exacerbada se torna inflamável. O fascínio que sinto pelo humano reflete-se nesta chama intensa que a nível anímico me envolve na eterna procura do que exterior a mim existe, esta curiosidade subreptícia mas imprescindível de conhecer o outro, de estar na pele do outro, de ver com os olhos do outro, de percecionar o mundo como se ele fosse uma simbiose entre as várias e diferentes realidades de cada um. E é assim que, longe de ser o outro, sendo eu mesma, partilho as minhas experiências, os momentos de vivência mais intensos, ladeando a parte menos romântica da maternidade ou as dores emocionais aos ombros de desgostos amorosos, e ao mesmo tempo revelando estas dores na própria energia impulsionadora da Vida quantas vezes borbulhantes e extremas, revelando os contrastes e as interferências entre estados opostos ou mais vulneráveis.”