As Cadeiras (1952) foi a terceira peça do dramaturgo franco-romeno Eugène Ionesco, depois de A Cantora Careca e A Lição. É com ela que o encenador romeno-húngaro Gábor Tompa, diretor do Teatro Húngaro de Cluj (Roménia), regressa ao Teatro Nacional São João, depois de ter levantado À Espera de Godot de Samuel Beckett, em 2021, e apresentado Prometheus ’22 no âmbito da mostra Finisterra, em fevereiro deste ano. Agora, é no palco do Teatro Carlos Alberto que apresenta As Cadeiras, uma produção do Théatre National du Luxembourg.

Numa sala decrépita, a cada entardecer, um casal de velhos ocupa o tempo contando-se a mesma história, a da vaga lembrança de uma viagem a Paris. Instigado pela Velha, o Velho decide contratar um Orador e através dele transmitir à humanidade uma mensagem que há muito guarda. “Farsa trágica”, segundo Ionesco, nela transitam a nostalgia da infância, a culpa e o remorso, o terror da velhice e da morte.

Mas As Cadeiras é ainda assim uma comédia, convocando o riso pelo burlesco e pelos jogos de palavras, onde a linguagem é uma manifestação do sem-sentido. E onde um bailado de cadeiras vazias remete para o nosso vazio existencial. Como é habitual em Ionesco, mestre do teatro do absurdo, a peça oscila permanentemente entre o cómico e o trágico, o sonho e o pesadelo.

Com interpretação da romena Oana Pellea e do francês Patrick Le Mauff, As Cadeiras é um espetáculo em língua francesa, legendado em português. Está em cena no Teatro Carlos Alberto de 30 de novembro a 2 de dezembro, com sessões quinta-feira e sábado às 19h00 e sexta-feira às 21h00. O preço dos bilhetes tem o custo de 5 e 10 euros.