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Cinema e Vídeo

Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival

Começa no próximo dia 31 de outubro a 11ª edição do Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival, cuja principal missão é divulgar o cinema feito por mulheres oriundas de países do Mediterrâneo.

31 Out a 7 Nov 2024

Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Casa do Comum e Goethe Institut
Lisboa

O Festival apresenta uma vasta programação, composta por 67 filmes de 28 países, a maioria em estreia nacional, e realiza-se no Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Casa do Comum e Goethe Institut em Lisboa. Este ano, o Festival realiza-se sob o tema "Revoluções quotidianas". No ano em que se celebram os 50 anos da Revolução Democrática de Abril de 1974, o tema desta edição do Festival é "Revoluções Quotidianas", para recordar que as revoluções acontecem todos os dias e que, em contraste com as grandes convulsões históricas, as revoluções quotidianas são aquelas que ocorrem no seio da vida comum, no espaço íntimo do dia-a-dia, mudando o tecido social de forma gradual e silenciosa, afirmam as diretoras do Olhares do Mediterrâneo.

O filmes de abertura desta 11.ª edição
Na cerimónia de abertura do Festival vai ser apresentado "The Teacher", um filme de Farah Nabulsi, realizadora palestiniana nascida e criada no Reino Unido, vencedora de um Bafta e nomeada para o Óscar de melhor Curta-Metragem, que conta a história de um professor na Cisjordânia (Saleh Bakri) que tenta manter um dos seus alunos afastado da violência, enquanto ele próprio está envolvido na Resistência. Este filme estreou no Toronto International Film Festival, onde recebeu o Prémio do Público e desde então, já foi apresentado em dezenas de festivais um pouco por todo o mundo e foi várias vezes galardoado.

Palestina é o país convidado desta edição
Nesta 11.ª edição, o Festival programa na Cinemateca Portuguesa filmes de realizadoras da diáspora palestiniana, numa secção intitulada Olhares da Palestina composta por 5 longas-metragens e 3 curtas-metragens (ficção, documentário, experimental). Entre as obras apresentadas, o público poderá ver “Salt of this Sea” um filme de 2008 da premiada realizadora Annemarie Jacir, que teve estreia no Festival Cannes, e “3000 Nights”, obra de 2015 apresentado no TIFF, de Mai Masri, realizadora e produtora pioneira do cinema palestiniano a partir dos anos 1980.

Competição de Longas-Metragens composta por 7 filmes
Na secção de competição de longas, vão ser apresentados sete filmes (5 documentários e 2 ficções), todos estreias nacionais, exceptuando a estreia mundial do filme português "A Mulher que Morreu de Pé" de Rosa Coutinho Cabral, um documentário que é também um ensaio visual sobre a escritora Natália Correia, figura incontornável da liberdade de pensamento e criação em Portugal, antes e depois do 25 de Abril e que conta com a participação de Soraia Chaves, Joana Seixas e João Cabral, entre outros.

"Remember My Name", filme de Elena Molina que também integra a Secção Travessias, é uma estreia nacional sobre cinco menores marroquinos que atravessaram a fronteira de Melilla e integram uma companhia de dança, onde encontram uma nova família e a oportunidade de participar num programa de talentos da televisão. O filme será seguido por debate com a presença da realizadora.

"The Desert Rocker" de Sara Nacer, é um documentário sobre a argelina Hasna El Becharia, pioneira da música gnawa, a primeira mulher a ultrapassar as barreiras sociais desta tradição musical. No documentário marroquino vencedor do Prémio Golden Eye no Festival de Cannes 2023, "The Mother of All Lies", a realizadora Asmae El Moudir tenta desvendar alguns mitos da sua família e da história recente de Marrocos, reencenando a sua própria história. Já "The Roller, the Life, the Fight", documentário belga realizado por Elettra Bisogno e Hazem Alqaddi, é sobre os próprios realizadores: Hazem, depois de uma dolorosa viagem desde Gaza, chega à Bélgica onde vive Elettra, que estuda cinema documental. Esta é uma estreia nacional que recebeu o Prémio Lloridan-Ivens, no Festival Cinéma du Réel, em França. Este filme também integra a secção é Travessias. Na área da ficção, serão exibidos "The Sea and Its Waves"de Liana & Renaud, que estreou na secção ACID do Festival de Cannes, cuja acção se passa no Líbano e que vai ser apresentada pela primeira vez no nosso país e "The Girls are Alright", realizado por Itsaso Arana, com Bárbara Lennie e Irene Escolar, uma celebração da amizade feminina nomeada para os Prémios Goya, que é também o filme de encerramento desta 11ª edição. 

22 curtas-metragens em competição
Na secção de competição de curtas-metragens, vão ser apresentados 22 filmes, 14 deles em estreia nacional: "Divine Accounts", a multipremiada curta-metragem da realizadora espanhola Eulàlia Ramon; "Don't Cry Gabriel" de Mathilde Chavanne, que estreou em 2023 na Semana da Crítica do Festival de Cannes; "Amplified" de Dina Naser, uma estreia nacional sobre uma jovem atleta de karaté com deficiência auditiva, que recebeu uma Menção Especial na Berlinale Generation Kplus; "The Mysterious Adventures of Claude Conseil" de Marie-Lola Terver e Paul Jousselin, que recebeu os Prémios do Público e Melhor Comédia no Festival de Clermont Ferrand, em França; "Between Delicate and Violent", de ?irin Bahar Demirel, uma produção entre a Turquia e os Países Baixos, premiada em festivais como Leiden Shorts, Go Short - International Short Film Festival Nijmegen, Istanbul Film Festival, entre outros; ou ainda "Rinha", a curta luso-brasileira de Rita M. Pestana galardoado com o Prémio de Melhor Filme no Curtas Vila do Conde.

Travessias: filmes sobre migrações, racismo e colonialismo 
Ainda em competição, vão ser apresentados 13 filmes na secção Travessias, curtas e longas-metragens, que abordam temas como migrações, racismo e colonialismo enquanto elementos estruturais da sociedade. É neste programa que o público poderá ver "Les Chenilles", um filme franco-libanês realizado por Michelle Keserwany e Noel Keserwany sobre duas mulheres originárias do Médio Oriente, e que recebeu o Urso de Ouro, para Melhor Curta, entre muitos outros prémios.

Começar a Olhar: secção competitiva dedicada a filmes de escola
Ainda em competição, vão ser apresentados 14 filmes que integram a secção "Começar a Olhar", dedicada a filmes realizados no contexto escolar. Desta selecção fazem parte obras internacionais, como "Anansi" de Aude N'Guessan, "Forget" sobre uma cabeleireira africana que trabalha num salão movimentado, uma obra premiada em vários festivais franceses; ou "Worn bodies", curta que recebeu a Menção Especial do Júri no Champs-Elysées Film Festival, em França, e que retrata o corpo de pugilistas; e obras portuguesas como as animações "A Minha Casa tem muitas Janelas" de Leonor Faria Henriques e "Home" de Mariana Lima, ou as curtas de ficção "Pelo Sim pelo não", de Laura Andrade ou "As Cores do Luto" de Mariana Lima Mateus (um coprodução luso-britânica). 

Sessão para famílias no domingo de manhã
No dia 3 de novembro de manhã, o Festival programa a já habitual sessão para os mais novos, composta por sete curtas-metragens: "Home", "A Minha Casa tem muitas janelas", "Dhakira", "Tomorrow", "Game, Interrupted", "Pietra" e "Amanda, you lied".

Um programa de atividades paralelas do Olhares
O Festival programa ainda inúmeras atividades paralelas, como debates a partir de alguns dos filmes programado: "A Vida dos Corpos", "Violências de Género", "Maria India - Genealogias de Migração e Colonização", "Debate Travessias: Menores refugiados e migrantes" e "Colonialismo/decolonialismo e as suas representações". O público poderá também participar em vários workshops, entre os quais: "Género, Autoconhecimento e Empatia" com Laura Falésia e André Tecedeiro (FLECHA) e "Cantos do Mediterrâneo: viagem aos seus portos" com Camilla Piccolo e Laura Venturini.

Novidades desta edição
Entre as novidades deste ano, destaque para o programa "Olhares do Mediterrâneo with Eurimages for equality" que inclui um "awareness workshop" sobre estereótipos de género e sexism no cinema, ministrado por Valeriya Golovina (NYU Abu Dhabi) Suasana Costa Pereira (Europa Criativa) e outros convidados, assim como um workshop de introdução à escrita cinematográfica focado na criação de personagens femininas e  não hegemónicas, ministrado pela guionista Fernanda Polacow e o 2º encontro Olhares do Mediterrâneo/MUTIM, este ano dedicado à coordenação de intimidade na rodagem de filmes com a especialista Teresa Olea Molina.

O festival programa ainda a sessão "Cinco curtas andaluzas", curada pelas programadoras de GENERAMMA - Festival de Cine Realizado por Mujeres de Chiclana, que estarão presentes para apresentar os filmes e falar dos desafios de fazer filmes e festivais de cinema de mulheres no sul da Europa.

Eventos de Warm Up
Como tem sido habitual, o Festival programa algumas atividades antes das datas oficiais de arranque da 11.ª edição. Este ano, a 17 de outubro, às 19h, no Terraço do Graal haverá uma sessão de solidariedade com apresentação de curtas-metragens da associação Shashat Woman Cinema, a única organização palestiniana de cinema de mulheres a operar em Gaza e na Cisjordania. Já no dia 24 de outubro, na Casa do Comum, inaugura o Programa de Artes Visuais  "Fragmentos do Mediterrâneo", com curadoria da produtora cultural grega Alexia Alexandropoulou. Esta exposição inclui instalações, vídeos e performances e fica patente até 10 de novembro.

No dia 25 de outubro, às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés realiza-se uma conferência intitulada "As Mulheres no Cinema em Portugal", com as realizadoras Cláudia Clemente e Margarida Gil e moderação de Rita Bénis da Associação Mutim. Por último, no dia 29 de outubro, o Festival será convidado dos ShortCutz Lisboa, com uma curta-metragem a surpresa e uma apresentação da 11.ª edição.

Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival traz novamente ao público filmes de vários géneros cinematográficos (documentário, ficção, animação, experimental), de realizadoras afirmadas e debutantes, que se debruçam sobre os temas mais variados, incluindo a identidade de género, a amizade, o amor, a memória, a família, as redes sociais, mas também as migrações, os colonialismos passados e presentes e as lutas pela liberdade. O Festival vai trazer a Lisboa várias convidadas, a anunciar muito brevemente.

Este é o mais antigo festival de cinema no feminino em Portugal, e é o único dedicado à cinematografia da bacia do Mediterrâneo. O Festival é um projeto de Olhares do Mediterrâneo - Associação Cultural e CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia.

Mais informações em www.olharesdomediterraneo.org 

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