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Exposição do Museu de Lisboa - Teatro Romano revela inédita coleção de faiança
O Museu de Lisboa - Teatro Romano inaugura a exposição "O Barro Azul de Lisboa. Faianças da coleção do Museu de Lisboa - Teatro Romano" no dia 15 de maio, um peculiar conjunto de fragmentos que permite descobrir o dia a dia dos lisboetas no momento em que foram surpreendidos pelo terramoto de 1755.

15 Mai a 26 Out 2025
16 maio – 26 outubro 2025 · 10:00 – 18:00
A exposição O Barro Azul de Lisboa. Faianças da coleção do Museu de Lisboa - Teatro Romano mostra pela primeira vez mais de 2000 fragmentos de faiança dos séculos XVII e XVIII recolhidos em diversas campanhas arqueológicas, realizadas entre 2001 e 2011 no interior do próprio museu.
Resgatadas da habitação seiscentista onde hoje se encontra instalado o museu, numa espécie de cápsula do tempo situada a cerca de 9 metros de profundidade em relação à atual entrada do museu, os fragmentos de faiança que aí estavam aprisionados transportam-nos ao dia 1 de novembro de 1755.
As suas formas e decorações revelam o quotidiano das pessoas que aqui viveram e cujas vidas foram interrompidas pelo Grande Terramoto que nesse dia assolou Lisboa. Falam também sobre a violência do cataclismo que mudou para sempre a vida da cidade e a mentalidade da Europa.
Expressão clara da catástrofe, o característico vidrado branco e azul destes fragmentos transformou-se num vidrado negro que mimetiza a cor do incêndio, conferindo-lhes um aspeto muito distinto das peças provenientes de outros locais. Análises feitas em alguns destes fragmentos, realizadas em colaboração com o Instituto Superior Técnico, forneceram interessantes informações sobre as temperaturas atingidas pelos incêndios e o seu efeito nestas faianças.
Lídia Fernandes, coordenadora do Museu de Lisboa - Teatro Romano, destaca o tema inusitado desta mostra. «As nossas exposições costumam focar-se em aspetos artísticos e arquitetónicos diretamente ligados ao período romano. Este tema sai desse âmbito, concentrando-se nesta importante coleção do nosso espólio, que testemunha a ocupação do local onde o museu está implantado durante o século XVIII.»
O arqueólogo Artur Rocha, consultor científico da mostra, destaca o contexto em que as peças foram recolhidas. «Este tipo de faianças era produzido artesanalmente, mas em série. Há centenas ou milhares a aparecerem em escavações recentes. Mas um conjunto como este, encontrado num contexto fechado, com as peças queimadas, diretamente ligadas a um episódio tão marcante para a cidade como foi o terramoto de 1755, e recuperado diretamente no local onde foram destruídas, essa é a grande mais-valia desse conjunto pois nesse sentido são peças únicas».