Tradição
À boa mesa alentejana: sopas, açordas e migas
No âmbito da sua programação no concelho de Beja, o Festival Terras sem Sombra dinamiza em Baleizão uma actividade que promete uma viagem à essência da mesa da região. Uma proposta para todos os que se interessam por história, cultura e gastronomia tradicional — verdadeiro património identitário.

14 Set 2025 | 09h30
Intitulada «Sopas, Açordas e Migas: Da Gastronomia Sustentável à Identidade Regional» a actividade é conduzida por Ana de Albuquerque Piedade, professora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Beja.
Baleizão, a terra onde foi ceifada a vida de uma referência do Portugal contemporâneo, Catarina Eufémia, distingue-se pela forte identidade. Possui importantes monumentos religiosos, com realce para a igreja de São Pedro de Pomares, nos matos do Guadiana, onde el-rei D. Dinis esteve a ponto de sucumbir ao ataque de um urso, quando caçava javalis, uma página pouco conhecida da História de Portugal. Baleizão é um lugar orgulhoso das suas tradições, incluindo as da convivialidade à mesa. Neste caso, desafia os participantes na actividade de salvaguarda da biodiversidade a adentrarem-se nos segredos e labores da cozinha alentejana (e, também, a degustarem-na) num espaço icónico, o Clube de Caçadores. Frente aos tachos está António «das Migas», de sua graça António Bexiga, um cozinheiro de mão-cheia, referência da região.
Em pleno Alentejo, a cozinha fala da terra e da história através de pratos simples e generosos: açordas, migas e sopas, pratos presentes em todas as classes e épocas. Nas açordas, descortinamos uma origem milenar, possivelmente pré-romana, consolidada na era romana e enriquecida pelos Árabes, que as celebravam em grandes festas. São humildes na essência: alho, poejos ou coentros, azeite, água e pão partido, mas cheias de memória e alma. As migas transformam o pão em massa dourada, envolvida em carnes de porco, alho, pimentão e banha. Entre pastores, adiciona-se leite de ovelha ou cabra, criando as tradicionais «migas à pastor». Já as sopas alentejanas combinam pão, alho, azeite e ervas, variando conforme a região. Entre campos e pastagens, estas preparações eram comidas no regaço, lembrando que a cozinha alentejana é feita de partilha e celebração.
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