"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Exposições

"25 de Abril, águas mil"

Exposição de Manuel João Vieira.

21 Jun a 26 Jul 2025

LAC - Laboratório de Actividades Criativas
Largo Convento Sra. da Glória, 25, 8600-660 Lagos
Preço
Entrada livre
25 de Abril, águas mil.

A arte fascista faz mal à vista.
A arte do Regime é mais um crime
A minha Arte nunca se parte

Somos todos artistas
Somos todos autistas
Somos todos turistas
Somos todos futuristas
Somos todos passadistas
Somos todos paraquedistas

Arte que seja minha
Não faz farinha

É arte Portuguesa É estrangeira com certeza

Os 10 mandamentos do bom curador
São os instrumentos da arte menor

A mãe de todas as telas
É a tela de todas as mães

O Povo não percebe nada de arte
A arte não percebe nada do povo

Países

A arte francesa abusa da mesa
A arte alemã quer perna de rã
A arte espanhola toca castanhola
A arte africana gosta de banana
A arte mais turca vomita na Burka
A arte argentina toca concertina
A arte Xingu apanha no cu
A arte esquimó engole cócó
A arte bonita come fava frita
Na nova guiné não usa boné
A arte Foleira veio da Madeira
A arte nanquim vem sempre no fim
A arte angolana tem cauda que abana

A arte

A arte banal vai pró hospital
A arte zarolha quer vinho sem rolha
A arte chupista nunca vem na lista
A arte anormal Caga no quintal
A arte andorinha não dorme sozinha
A boa arte sacra hiberna na chacra
A arte fileira dorme na banheira
A arte de abril cabe num funil
A arte aleivosa faz-se cor de rosa
A arte vazia já tem galeria
A arte confusa nunca dá tusa
A arte vadia assassina a tia
A arte lombriga sofre da barriga
A arte pantera rema na galera
A Arte que é boa vende-se em Lisboa
A arte pantera chega doutra esfera
A arte maluca entorna uma cuca

Os artistas

Artistas falhados dentes cariados
Artistas vendidos criados batidos
Artistas famosos mistérios gazosos
Artistas modernos rabiscam cadernos
Artistas antigos toleram castigos
Artistas marrecos domesticam ecos
artistas sensíveis rebentam fusíveis
Artistas que passam potes que extravasam
Artistas que pintam nem passam nem fintam
Artistas pedintes irritam ouvintes
Artistas valentes palitam os dentes
Artistas falidos santinhos partidos
Artistas amados pincéis bem lavados
Artistas sem casa já com um grão na asa

Artistas espanhóis comem caracóis
Artistas calistas seduzem dentistas
Artistas do campo têm pirilampo
Artistas Malaios chispam como raios
Artistas calados são pouco lavados
Artistas anões adoram trovões

Há 50 anos somos todos manos
Todos cá andamos há 50 anos
Há 50 anos vencemos os manos
Há 50 anos a cozer os panos
Mais cinquenta anos e ficam cem anos
De cem em cem anos mudam-nos os panos
A cada cem anos nascem outros manos

Passados 50 anos da revolução que mudava tudo
Tudo mudou realmente
Os artistas caminham no tecto Não usam o chão
e pintam nas costas das suas telas com o cabo do pincel
Assinam os quadros dos outros e detestam a cor
Centram a moldura no meio da tela
Bebem o arroz sem a cabidela
Em vez de fascismo temos o turismo

Os ricos adoram pintura moderna
Pintura moderna em cada caserna
Viva o MFA Viva o que já não há
E em cada caserna pinturas penduram
Andar de chaimite Faz apendicite

Oh salazar volta, estás perdoado
Pelo John travolta vais ser enrabado
Num pinhal á noite num descapotável
Muito confortável, ao pé de uma boite

Oh tempo volta pra traz Tu és o meu capataz
Um gritar um megafone um xilofone a tocar
A multidão a apoiar a prontidão militar
Um cravo em cada espingarda
Um artista de vanguarda x2

25 de Abril, águas mil!

> Biografia
Manuel João Vieira | www.mjvieira.com

Nasceu em Lisboa, em 1962. Licenciou-se em pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Fundador e líder das bandas Ena Pá 2000 e Irmãos Catita; artista plástico, compositor, músico e cantor. Vive e trabalha em Lisboa.

Integra o grupo Homeostético em 1983 (juntamente com Pedro Portugal, Pedro Proença, Fernando Brito, Xana e Ivo Silva) ,o grupo Ases da Paleta em 1989, e o colectivo Orgasmo Carlos desde 2002, desenvolvendo desde sempre actividade enquanto artista plástico. Desenvolve trabalho musical editado e vídeo clips com vários grupos, como os “Ena pá 2000”, “Os irmãos Catita”, os “Corações de Atum”, “O Lello Perdido”, “Quarteto 4444”, “o pianista de boite”, entre outros.

As suas obras estão presentes em colecções tais como Elídio Pinho, Serralves, MATT, FLAD, Gulbenkian e EDP.

Inauguração: 21 de junho às 18h, com momento musical do artista
Patente até: 26 de julho, 2025
Local: LAC – Laboratório de Actividades Criativas
Preço: Entrada livre
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