Esse instante torna-se ainda mais significativo no contexto do Festival Todos, que há mais de 15 anos se dedica a criar espaços de encontro entre diferentes culturas, usando a cultura como ferramenta para tecer caminhos entre mundos distintos.

Extrapolando definições de origem ou gênero musical, Ayom move-se com liberdade entre sonoridades e afetos. A escuta das músicas populares tropicais — diversas, híbridas, profundamente enraizadas no corpo e no cotidiano — alimenta o imaginário do grupo e ressoa nas suas criações, sem se fixar em fórmulas ou classificações. O que emerge é uma música errante, intuitiva, difícil de descrever e impossível de traduzir sem a experiência ao vivo.

Para o Ayom, a relação com o público e com a comunidade dá-se ao vivo, na cumplicidade que se constrói no encontro e na energia partilhada em cada concerto.

A banda prepara-se ainda para uma nova tour com o álbum Sa. Li.Va., lançado em 2024. Após a apresentação no Festival Todos, o grupo segue para uma série de concertos no Brasil e no Japão entre setembro e outubro.

O nome Ayom vem do “Senhor da Música” na mitologia afro-brasileira (Candomblé), entidade que habita o tambor e ensinou a humanidade a cantar e a tocar. Este espírito ancestral atravessa a música do grupo, que entrelaça tradições centenárias com a contemporaneidade rítmica da diáspora africana. O resultado é uma experiência sonora contagiante, espiritual e festiva — um convite à celebração coletiva e à escuta profunda.

Ayom representa a coexistência de opostos: tradição e inovação, masculino e feminino, poesia e energia, ancestralidade e futuro.

Ayom é um grupo de seis viajantes: Jabu (brasileira) e Alberto (italiano) ambos residentes em Espanha; Timoteo (de ascendência grega e italiana) juntamente com Francesco (italiano), Ricardo e Walter (ambos angolanos), todos residentes em Lisboa. Unem-se por causa de uma história de amor e compartilham uma paixão comum pela música da diáspora africana, incluindo canções do Brasil, Angola e Cabo Verde, que encontraram em Lisboa uma espécie de lar.

Ayom é vencedor dos prémios Melhor Grupo e Melhor Disco da Songlines e Melhor Álbum World Music da German Critics Award.

Sa. Li. Va é um acrônimo que representa os três impulsos distintos presentes na música de Ayom: “SA-grado” (sacralidade), “LI-berdade” (liberdade e amor) e “VA-lentia” (coragem). O álbum é uma trilogia onde cada capítulo contém três músicas.

Sa. Li. Va., com produção musical de Kastrup (vencedor do Grammy Latino pelo trabalho Mulher do fim do mundo da grande artista Elza Soares), tem canções em português, espanhol e italiano, conta com convidados especiais, e é uma mistura de instrumentos orgânicos/acústicos e eletrónicos. Mais moderno e ousado, mas com o mesmo espírito e poesia de sempre. Ayom incorporam ritmos tradicionais (como semba, funaná, frevo, maracatu, coladeira, congado, kizomba, xote, maloya, congo de ouro, etc.) para falar a sua linguagem e expressar a sua música original.

O novo trabalho reafirma a identidade plural e contagiante da banda, já celebrada como uma das forças mais inovadoras da música de fusão global.

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