Num cenário em que tudo à nossa volta parece querer prender-nos numa ilusão de impotência perante a magnitude das desgraças que nos rodeiam, como é que se pode reaprender a existir? Onde é que nos agarramos para nos mantermos vivos? É a partir destas questões centrais que chegamos, neste espetáculo, à figura de uma Hécuba que se recusa a ser vítima passiva, lugar de contemplação de fome e dor – aquilo que a rainha troiana, no cânon da tragédia clássica grega, tipicamente representa. Em “Dói-me o corpo de jazer nessa esperança” ela levanta-se, arranca a máscara trágica de lágrimas pregada na cara, caminha e fala. Aqui, mais do que uma mulher forte ou vingativa, Hécuba é uma mulher mítica que, quando confrontada com desafios muito complexos, não se resigna e procura superar-se, desafiando os deuses e as suas apostas na certeza da sua desgraça.

Sobre o espetáculo
Depois de uma primeira adaptação de Jorge Palinhos, o caminho até este enquadramento para o espetáculo foi sendo esculpido e concebido em várias residências artísticas feitas fora dos grandes centros, no país real. Depois de um primeiro encontro na base do teatromosca, em fevereiro, as duas companhias passaram por Faro, no DeVIR CAPa, Serpa, na Baal17 e em Sobral de São Miguel, antes de assentarem para a última leva de ensaios até à estreia na OMT. Os cenários que foram cruzando caminho com a equipa artística ao longo deste tempo, especialmente na última paragem antes de Coimbra (relembre-se que toda essa freguesia foi especialmente devastada pelos incêndios durante o verão), deram uma direção clara a esta criação. O panorama geral da terra queimada – mas onde a vida teima em renascer e se reinventar apesar de toda a destruição – alimentaram este lugar onde decorre a construção cénica.

Ficha artística e técnica
Texto: Jorge Palinhos
Encenação: Marco Antonio Rodrigues
Assistência de encenação: Maria Carneiro
Interpretação: Isabel Craveiro, Margarida Sousa, Milene Fialho, Tomás Barroso
Cenografia: Pedro Silva
Figurinos: Carlota Lagido
Banda sonora original: Victor Torpedo
Vídeo: Dânia Viana
Desenho de luz: Jonathan Azevedo
Ilustração: Alex Gozblau
Caracterização: Raquel Ralha
Cabeleireiro: Carlos Gago (Ilídio Design)
Coordenação das atividades paralelas: Isabel Craveiro, Maria Carneiro
Operação técnica: Diogo Graça, Jonathan Azevedo, Nuno Pompeu
Maquinista de cena: Pedro Silva
Direção de produção: Cátia Oliveira, Inês Oliveira
Fotografia: Mário Canelas
Comunicação: Catarina Lobo, Luís Marujo, Margarida Sousa
Coprodução: teatromosca e Teatrão
Financiamento: República Portuguesa – Cultura | DGARTES – Direção-Geral das Artes, Câmara Municipal de Sintra e Câmara Municipal de Coimbra
Uma produção Teatrão e teatromosca (2025)

Dramaturgia original de Jorge Palinhos a partir de "As Troianas" e "Hécuba" de Eurípedes
Encenação de Marco Antonio Rodrigues

DATAS | Em cena de 6 a 23 de novembro
HORAS | Quartas e quintas: 19h / Sextas e sábados: 21h30 / Domingos: 17h
LGP | 13 de novembro, 19h / 21 de novembro, 21h30
AUDIODESCRIÇÃO | 19 de novembro, 19h / 23 de novembro, 17h (entrada para reconhecimento de palco meia hora antes)
LOCAL | Sala Grande da Oficina Municipal do Teatro
OUTRAS INFOS | M/14 | Duração: 90 min

Bilhetes disponíveis para compra na OMT, postos Ticketline ou através do link: tinyurl.com/DCJNEomt
Reservas e informações: info@oteatrao.com | 912 511 302 | 239 714 013