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MANIFESTUM arte de dizer | 7.ª edição
O MANIFESTUM arte de dizer é um festival de palavra, cujo contexto é todo e nenhum, ou não fossem as palavras o nosso dia-a-dia. Com a mesma palavra, podemos entrar numa canção, lembrar um filme, recuperar uma carta ou dizer um poema.
14 Nov a 22 Nov 2025
Na 7.ª edição do MANIFESTUM arte de dizer prometem-se palavras por Hugo van der Ding, Francisca Bartilotti, Hugo Carvalhais e Cláudia Rubim; Ana Zanatti, Jorge Serafim, Rui Pedro Claro, Pedro Serrazina, Pedro Correia, Idalinda Fitas, Manuela Gomes e Jorge Pereira; Ana Deus, Madalena Sá Fernandes, Antonino de Sousa e Miguel Ribeiro; Ana Celeste Ferreira, Ricardo Caló, Pedro Carneiro e Raquel Andrade; Nelson d’Aires, Frederica Vieira Campos, Sérgio Sousa Martins, Renato Filipe Cardoso, João Rios, Isaque Ferreira, e muitos outros.
Mas dizer as palavras em voz alta, improvisando em territórios inusitados, sem preocupações formais, arriscando a irreverência... e sem pedir desculpas, essa é a proposta para a abertura oficial do MANIFESTUM arte de dizer: Van der Ding Manifesta-se! (14 NOV, 21h30, Fórum de Ermesinde), uma criação inédita e irrepetível, um encontro entre o humor, a poesia e a palavra, que junta as audaciosas e acutilantes histórias de Hugo van der Ding – figura da rádio, da televisão e do teatro, autor da rubrica Vamos Todos Morrer (Antena 3) – partilhadas com as leituras de Francisca Bartilotti – médica nas horas ocupadas e uma das novas vozes da poesia e da arte de dizer – e com os ritmos marcados por Hugo Carvalhais – um dos grandes e sui generis contrabaixistas portugueses da actualidade –, com a ajuda da intérprete de Língua Gestual Portuguesa Cláudia Rubim, chamados todos ao palco de forma... garantidamente singular.
Mas o fim-de-semana arranca logo pela manhã, com a Poesia vai à Feira (14 e 15 NOV, 11h, Feiras de Ermesinde e Valongo), que leva cabazes de palavras, versos e poemas à convivência matutina dos mercados semanais de Ermesinde e Valongo, pela mão do poeta e professor João Rios, e do jornalista, poeta e diseur Renato Filipe Cardoso, com o grupo ASA – Acreditamos em Seniores Ativos, um programa de valorização da população sénior do concelho de Valongo. Momentos entusiásticos que juntam feirantes, clientes, curiosos e um grupo de pessoas com vontade de dizer palavras em voz alta, no seguimento de um laboratório que tem lugar durante a semana prévia ao festival.
No sábado, o MANIFESTUM avança com uma das propostas de continuidade do festival, a 4.ª edição do Ver Longo (15 NOV, 19h30, Fórum Vallis Longus), um laboratório orientado por Nelson d’Aires – fotógrafo independente, com foco na fotografia documental como prática artística – que tem vindo gradualmente a subir de intensidade e de grau de exigência, apresentando os ensaios fotográficos de 15 participantes, que exploram as afinidades do território paisagístico e imaterial de Valongo e as apresentam em palco num espectáculo que se estende ao campo musical e electrónico, pela harpista Frederica Vieira Campos, e à palavra, pelo diseur Renato Filipe Cardoso. Este ano, o Ver Longo tem uma alavanca especial: uma materialização diferente do habitual, a publicação de um objecto editorial exclusivo, a ser lançado neste dia, que integra as 45 fotografias realizadas pelos formandos, postas em diálogo com as palavras de 15 poetas convidados: André Tecedeiro, António Carlos Cortez, Aurelino Costa, Catarina Costa, Francisca Bartilotti, Helga Moreira, Inês Morão Dias, Jaime Rocha, João Gesta, João Rios, José Carlos Barros, Luís Quintais, Margarida Vale de Gato, Renato Filipe Cardoso e Rita Taborda Duarte.
No domingo, é a vez de Há Palavras Que Nos Beijam (16 NOV, 18h, Fórum de Ermesinde), a apresentação final do laboratório orientado por Ana Celeste Ferreira – cantora de vários estilos musicais, formadora de canto e técnica vocal, locutora e diseur de poesia e conto – a meias com um conjunto de primeiras vozes em estreia na leitura de poemas em palco, integradas num espectáculo, acompanhado por Ricardo Caló ao piano, e com a participação especial do intérprete, maestro e pedagogo Sérgio Sousa Martins, com uma carreira que abrange ópera, oratória, música sacra e coral, actualmente na direcção artística do Orfeão de Ermesinde, um colectivo com mais de 25 anos, que completa o elenco desta apresentação.
A semana prossegue com o programa do Serviço Educativo do MANIFESTUM voltado para a comunidade escolar e a aposta no Cinema de Animação (17 a 19 NOV, Agrupamentos Escolares, Fórum Vallis Longus e Fórum de Ermesinde), que proporciona a mais de mil crianças do concelho o alargamento da aprendizagem em contexto escolar, levando os alunos às salas de cinema, para um conjunto de curtas-metragens nacionais e internacionais de cinema de animação de produção independente e fora do circuito comercial, com a presença alguns dos realizadores, propostas estas com curadoria da Casa da Animação.
O segundo fim-de-semana do MANIFESTUM arranca com o Fado Contado (21 NOV, 21h30, Fórum Vallis Longus), uma proposta-concerto com a cantora, intérprete e diseur Ana Celeste Ferreira, colaboradora do MANIFESTUM desde a primeira edição, que nos traz uma proposta artística da sua autoria, acompanhada de três músicos: Ricardo Caló ao piano, Pedro Carneiro no violino e Raquel Andrade no violoncelo. A ideia é contar uma história a partir de um conjunto muito diverso de músicas, uma outra possibilidade do texto literário enquanto letra de canção, conciliando as várias tonalidades para contar a história de uma fadista e do seu triste fado, numa noite de concerto.
Mas a melhor tarde do MANIFESTUM é a de sábado: desde 2019, no MANIFESTUM há sempre espaço para o Benefício da Dúvida (22 NOV, 15h30 + 17h, Biblioteca de Valongo) e a edição de 2025 celebra as palavras em duas sessões vizinhas, que extravasam os limites da arte: Ana Deus – cantora, autora e exploradora de linguagens disruptivas, com trabalho desenvolvido num percurso entre música, poesia e imagem – estará à conversa com Jorge Serafim – conhecido pela passagem por um programa de humor, mas, na verdade um escritor, ilustrador e contador de histórias, que recolhe, trata e investiga o património tradicional que nos é deixado na vertente de oralidade —, e que se pretende assumir como mais uma das valências do MANIFESTUM. Na sessão seguinte, juntamos Madalena Sá Fernandes – escritora e cronista, uma das mais jovens figuras do romance e da prosa – a Antonino de Sousa, uma voz jovem e dinâmica da religião, membro da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus e investigador no âmbito de um Doutoramento em Bioética na Universidade Católica Portuguesa. Para moderar as conversas, identificar linhas de força e explorar o inusitado e inesperado destas múltiplas dimensões, temos a presença já habitual do jornalista-cantor Miguel Ribeiro.
No encerramento do MANIFESTUM, traz-se a palco um formato pela primeira vez levado a cabo no festival, mas que se pretende que seja uma marca em anos futuros: um espectáculo multidisciplinar, que estende a palavra dita a vários domínios, num culminar de acções desenvolvidas durante o ano e que se apresentam juntos numa proposta unida. Afinal (23 NOV, 21h30, Fórum de Ermesinde) parte da criação de um ambiente onírico, uma espécie de sonho, que desde logo cruza o universo clown, com a adaptação de Talvez, um espectáculo de Pedro Correia, com dois blocos de leituras consistentes, pela voz dos Incomuns – Idalinda Fitas, Manuela Gomes e Jorge Pereira – três pessoas que iniciaram as suas leituras em laboratórios, criando o seu próprio grupo para comunicar através da poesia. A actriz e escritora Ana Zanatti é a convidada especial, para com a sua elegância e incrível voz nos trazer a uma selecção própria de poemas. Neste sonho cabe ainda a curta-metragem histórica do cinema de animação português, que completa em 2025 os seus 30 anos, Estória do Gato e da Lua, de Pedro Serrazina, também presente em palco, assim como a guitarra portuguesa de Rui Pedro Claro, com composições inéditas e uma incursão pelo legado de uma das grandes referências da música portuguesa, Carlos Paredes, cujo centenário de nascimento se celebra também este ano. O contador de histórias Jorge Serafim será aqui o anfitrião, acolhendo todos os que vão passar por esta sala-de-estar onírica, e procurando diminuir o espaço entre o palco e a plateia, num momento de partilha e reflexão conjuntos.
O MANIFESTUM arte de dizer é um evento promovido pela Câmara Municipal de Valongo, com programação e produção da Exemplo Extremo, coordenado pela Biblioteca Municipal de Valongo.
Segundo o Município de Valongo, “a iniciativa insere-se numa aposta forte do executivo na Cultura, enquanto pilar de formação de cidadãos mais autónomos e envolvidos na vida cívica política de toda a comunidade, e num reforço da oferta cultural de elevada qualidade e acessível a todos, consolidando este festival como um pilar de desenvolvimento da comunidade e de projecção do nosso território, sendo um importante estímulo à leitura e ao conhecimento, e um incentivo ao saber falar, exprimir e defender os pontos de vista, ideias e sonhos”.
O programa da 7.ª edição do MANIFESTUM arte de dizer arranca já a 12 de Novembro com o Poemar (12 NOV, 18h, Âmbito Cultural do El Corte Inglés), uma antecâmara do festival, apresentada Isaque Ferreira, programador do festival, e por Ana Celeste Ferreira, uma das participantes desde o primeiro momento.

