Festivais
31.ª edição Festival Caminhos do Cinema Português
De 15 a 22 de novembro, Coimbra, Lisboa (Cine-Teatro Turim, Benfica), Mealhada e Penacova acolhem o que de mais vivo, diverso e inquieto tem marcado o cinema português do último ano.
15 Nov a 22 Nov 2025
Na sua 31.ª edição, o festival apresenta obras de géneros, gerações e vozes diversas — do documentário à ficção, da animação ao experimental — reivindicando o cinema português como território plural e permanentemente em transformação.
A somar às distinções internacionais que o cinema português recolhe, é preciso continuar a lutar pelo seu reconhecimento junto do público nacional. E os Caminhos assumem-se como uma ponte entre quem cria e quem vê: um lugar de encontro, reflexão e partilha, onde a sala de cinema permanece espaço de descoberta e comunidade.
Para lá de Coimbra (Casa do Cinema de Coimbra, Teatro Académico de Gil Vicente), o Festival tem uma presença consolidada na Mealhada (Cine-Teatro Messias) e Penacova (Auditório Municipal), e, este ano, estende a sua programação a Lisboa (Cine-Teatro Turim, Benfica), numa evidente aposta de descentralização cultural, aproximando o cinema português de novos públicos, preservando sempre a experiência essencial da sala de cinema.
Ao longo de oito dias, uma programação assente num olhar curatorial atento a que se juntam iniciativas como debates, masterclasses e a exposição inédita «O Trabalho das Mulheres no Cinema Português», reafirmando os Caminhos como espaço de reflexão.
Mais do que um festival, os Caminhos são uma comunidade que cresce ano após ano, defendendo o cinema português, formando espectadores e celebrando quem o faz.
Secções Competitivas
O festival tem três secções competitivas: Seleção Caminhos (dedicada a toda a cinematografia profissional), Seleção Ensaios (para criações de Escolas de Cinema, Audiovisual e Multimédia do Ensino Secundário e Superior) e Outros Olhares (destinado a abordagens inovadoras e à procura de novas linguagens).
Os filmes escolhidos para a Seleção Caminhos são a principal montra da produção nacional, onde se reúne obras que traduzem a força criativa do nosso cinema. Entre os destaques:
O Riso e a Faca, Pedro Pinho — Cannes
As Estações, Maureen Fazendeiro — Locarno
Primeira Pessoa do Plural, Sandro Aguilar — Roterdão
Duas Vezes João Liberada, Paula Tomás Marques — Berlim
Bulakna, Leonor Noivo — FIDMarseille
Entroncamento, Pedro Cabeleira — ACID Cannes
Uma janela para o futuro, dedicada a estudantes e cineastas emergentes, a Seleção Ensaios é um espaço de liberdade onde o cinema nasce em primeiro gesto. Este ano identifica-se uma forte presença na temática feminina, em obras como:
As Mãos Dela, Fuad Halwani (Universidade Lusófona);
O Tempo das Cerejas, Clara Frazão Parente (Escola Superior de Teatro e Cinema);
Uma mulher do género, Raquel de Lima (ESMAD);
The Good Woman, Masha Mollenhauer (Hamburg Media School)
Merece ainda destaque a curta-metragem «Rua de Passagem», resultado de um processo de cocriação dos alunos do TUMO Coimbra.
Assumindo-se como território de risco e liberdade formal, Outros Olhares apresenta obras que rasgam expectativas, cruzam linguagens artísticas e expandem a gramática do cinema, desenhando espaços onde memória, política, identidade, corpo e pensamento se confrontam em imagens e silêncio, vida e arquivo, ensaio e ficção.
Nesta edição, destacam-se filmes que atravessam cinema e teatro, instalação, escrita e ensaio visual, construindo um mosaico criativo que desafia convenções e convida o espectador a pensar, sentir e questionar.
Memórias do Teatro da Cornucópia, Solveig Nordlund
Ouro e Cinza, Salomé Lamas
Fuck the Polis, Rita Azevedo Gomes
As Meninas Exemplares, João Botelho
Filmes do Mundo
O cinema português vive um momento de abertura e transformação. A criação expande-se para além das fronteiras nacionais e cruza geografias, línguas e imaginários, afirmando-se em diálogo com o mundo. A secção Filmes do Mundo reflete essa vitalidade: uma seleção de obras internacionais com coprodução portuguesa, realizadas por grandes nomes do cinema contemporâneo — razão pela qual estão este ano elegíveis para o Prémio do Público. Uma programação de inequívoca qualidade que percorre territórios estéticos e políticos diversos, guiada por cineastas que interrogam o nosso tempo. Ao dar visibilidade a estas vozes e geografias, o festival reafirma a responsabilidade do cinema português em dialogar com o mundo e pensar criticamente o seu lugar nele.
Mostras Paralelas
A par das competições competitivas, o festival apresenta ainda um conjunto de mostras paralelas que ampliam o seu alcance e identidade curatorial. Focado na formação de públicos infanto-juvenis, os Caminhos Juniores, que pela primeira vez contam com a curadoria do IndieJunior, reforçam o compromisso do festival com a experiência cinematográfica em sala. Já o Turno da Noite oferece um espaço para os olhares mais ousados, com sessões noturnas dedicadas ao terror, ao erotismo e à experimentação sensorial, onde o risco e a liberdade criativa se encontram sem pudor.
Masterclasses e mesas-redondas
Como habitualmente, o Festival promove momentos de encontro e partilha entre profissionais e público, dedicados a aprofundar o pensamento e a prática do cinema contemporâneo. São conversas que cruzam experiências, metodologias e olhares sobre diferentes áreas — da montagem à comunicação, da distribuição à ética da representação, passando pela materialidade da película. Através destas sessões, o festival reforça a sua vocação formativa e o compromisso com o diálogo entre quem faz e quem vê cinema.
Cinema, Realidade, Montagem, com Luísa Neves Soares e Luís Miguel Correia (sábado, 15 de novembro, 14h30, CCC).
A influência dos festivais de cinema na exibição e distribuição (domingo, 16 de novembro, 15h00, Estúdio 1)
Corpos em Cena: Representações Explícitas de Intimidade no Cinema e na Performance, mesa-redonda coordenada por Rita Alcaire e João R. Pais (domingo, 16 de novembro, 17h00, Estúdio 1);
A Comunicação no Cinema, com Débora Pereira e João Vintém (Filmin) (segunda, 17 de novembro, 17h30, Estúdio 1)
Projeção de Cinema em Película 16mm, com João Silva (TAGV) (terça, 18 de novembro, 16h00, Estúdio 1).
Exposição sobre o Trabalho das Mulheres no Cinema Português
Idealizada por Tathiani Sacilotto, a exposição «Nem Musa, Nem Sombra» (inaugura no dia 15 de novembro, às 15h00 no Estúdio 1) reúne retratos e testemunhos de mulheres que ocupam um amplo espectro de funções na cadeia cinematográfica: das que olham pela câmara às que produzem, das que iluminam às que realizam, das que tomam notas de continuidade às que desenham cenários, das que programam às que vivem a cena, das que escrevem às que contam o cinema com palavras — mulheres que fazem o cinema existir. Profissionais que continuam a abrir caminhos e a disputar espaços num setor historicamente marcado pela desigualdade de género.
Jurados
Os júris desta edição reúnem nomes reconhecidos do panorama cinematográfico nacional e internacional. Na Seleção Caminhos, o painel é composto por Jorge António (produtor, realizador), Rita Barbosa (realizadora e artista visual, vencedora do prémio Melhor Curta Metragem da 28.ª do festival Caminhos) e Tiago Bartolomeu Costa (crítico, investigador, programador e gestor cultural). O Júri FIPRESCI integra três críticos internacionais: José Teodoro (Canadá), Michael Ranze (Alemanha) e Yasmine Bouchfar (Marrocos). A Seleção Ensaios será avaliada por Alexandra Ferraz, Victor Hugo Costa e Edgar Morais, enquanto o Júri Universitário conta com Tomás Clemente Travelho, Maja Kupczyk e Ana Miguel Gomes Regedor. Por fim, o júri da Seleção Outros Olhares é constituído por Joaquim Pinheiro, Carolina Dias e Leonor Teles.
Cerimónia de Encerramento / Entrega de Prémios
Os Caminhos do Cinema Português encerram a sua 31.ª edição no dia 22 de novembro, às 21h00, na Sala Afonso Henriques/Convento São Francisco com a Cerimónia de Entrega de Prémios, momento maior de celebração da cinematografia nacional. Do Grande Prémio Cidade de Coimbra aos galardões técnico-artísticos (realização, fotografia, interpretação, som, argumento, entre outros), passando pelos prémios atribuídos pela FIPRESCI e pelo público, esta noite distingue a excelência, a diversidade e a vitalidade do cinema português contemporâneo.
A cerimónia contará também com a atuação de CRUA, projeto que revisita o repertório tradicional ibérico com o adufe como instrumento central, criando uma ponte entre cinema, herança cultural e criação contemporânea. As reservas para para participar neste momento, com um custo de 30,00 Euros (cerimónia com Jantar) podem ser feitas em caminhos.info.
Nesta edição, o festival assinala ainda o centenário da FIPRESCI (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica), cuja presença sublinha o reconhecimento internacional desta iniciativa conimbricense e reafirma a sua integração nas redes europeias do cinema independente e de autor — reforçando o papel de Coimbra como ponto de encontro e diálogo cinematográfico.
Condições de Acesso
O Festival Caminhos do Cinema Português oferece uma política de bilhética acessível, reforçando o compromisso de aproximar o público do cinema nacional. Os bilhetes para sessões pontuais variam entre 6€ (normal) e 5€ (reduzido), com preços especiais para grupos e sessões Caminhos Juniores (3€), sócios (2€) e sessões de curtas-metragens e filmes da Seleção Ensaios (2€). Estão disponíveis passes de 10 sessões por 45€ (normal) ou 35€ (reduzido), e um Passe Geral com valor promocional de 25€ até 8 de novembro (50€ após esta data), sendo concedido o passe geral a todos os sócios com quota anual regularizada.
Sobre os Caminhos
Criado em 1988, o Festival Caminhos do Cinema Português é organizado pela Caminhos do Cinema Português — Associação de Artes Cinematográficas de Coimbra e é o principal evento dedicado exclusivamente à produção nacional, afirmando-se como o espaço onde todo o cinema português cabe, se discute e se celebra.

