Académicos
Feminina e Feminista: A Imprensa da Mulher
Simpósio Internacional que reúne investigadores de Portugal, Brasil, Argentina, Alemanha, Bélgica e Inglaterra que estudaram a imprensa feminina, contemplando temas como a inserção das mulheres nos debates políticos, a crítica literária e também a imprensa voltada para assuntos tradicionalmente tidos como "de mulher".
24 Nov a 26 Nov 2025
Organizado no âmbito das atividades do Grupo de Pesquisa Pensamento Moderno e Contemporâneo do Centro de Humanidades (CHAM) da Universidade Nova de Lisboa, este simpósio reúne investigadores de Portugal, Brasil, Argentina, Alemanha, Bélgica e Inglaterra que estudaram a imprensa feminina contemplando temas como a inserção das mulheres nos debates políticos, a crítica literária e a imprensa voltada para assuntos tradicionalmente tidos como "de mulher".
Abrimos a programação com uma mesa-redonda em homenagem à historiadora Zília Osório de Castro que tem a maior parte de sua trajetória acadêmica dedicada aos estudos sobre a história política de Portugal no começo do XIX. Destaque merece aqui seu papel na criação, em 1999, da revista Faces de Eva - Estudos sobre a mulher, reconhecida como publicação inovadora nos estudos de gênero. Neste ano de 2025, essa notável mulher portuguesa completou noventa anos de uma vida marcada pela inteligência, pela generosidade e pela capacidade de luta. A realização desse simpósio é também uma forma de a homenagear.
A imprensa foi o maior fator de transformação dos costumes durante os últimos dois séculos. A moda ocidental se universalizou de tal maneira que as imagens fotográficas de grupos da elite, seja mexicana, japonesa ou norte-americana afora as diferenças fenotípicas e de cenário, parecem iguais. As mesmas poses, os mesmos vestidos e chapéus para as mulheres, os mesmos ternos e chapéus para os homens.
A imprensa foi também um fator de libertação para as mulheres. Na primeira metade do século XIX eram principalmente as revistas de moda que justificavam sua inserção nas páginas impressas. Ao lado desse papel mundano, a imprensa também contribuía para a difusão de assuntos ligados à puericultura, à administração do lar e as regras de boas maneiras. Esses temas permaneceram e permanecem associados a algumas publicações voltadas para o público feminino, mas muita coisa mudou.
A relação da mulher com a imprensa foi se intensificando e ela passou de leitora a autora assinando páginas de jornais e revistas. Inicialmente limitada a escrever sobre temáticas tidas então como femininas, aos poucos foi ocupando outros espaços até estar tão presente quanto os homens em campos como a literatura, a arte, os esportes, a economia, a política e até a guerra. Exemplar do início desse processo foi a luta das mulheres pelo voto que, estimulando reflexões sobre os direitos da mulher e o seu lugar no mundo, acabou tornando-se um campo incontornável dos estudos acadêmicos. Ridicularizadas inicialmente, as sufragistas tiveram a imprensa como o principal meio de luta e suas conquistas foram as primeiras de muitas que marcaram o século XX.
>> PROGRAMA
Coordenação: Isabel Lustosa
Comité científico: Isabel Lustosa, Ana Claudia Suriani da Silva, Adelaide Vieira Machado, Tania de Luca, Noemi Alfieri e Luís Andrade

