Exposições
A alma de Carla M. em pintura no Museu da Misericórdia do Porto
Chama-se «É preciso Ter Alma» e é a coleção de estreia de Carla M. Uma pintura que desafia preconceitos, com identidade e caráter, e que preenche a necessidade da autora de expressar de forma libertadora a sua visão sobre temas mundanos. Para ver no Museu da Misericórdia do Porto, a partir de 6 de dezembro.
6 Dez a 1 Mar 2026
A exposição, inserida na programação de Natal do espaço museológico, situado na Rua das Flores, terá patente 31 peças, de onde sobressaem a Amélia, a Adélia, a Ângela e… mais 16 mulheres. Que a autora apelida carinhosamente de “As minhas gordas” e que entre si partilham outro denominador comum: o de terem na inicial do seu nome um A. Com padrões geométricos, florais e cores vibrantes, que parecem querer emanar e ganhar outra vida.
Se isto são fatores que as unem, separa-as a diversidade de sentimentos, vivências, preferências e personalidade, o que confere a cada peça uma identidade própria que se integra num todo, como uma prole. Alegre de alma, por interposta tinta acrílica sobre cerâmica. Confortáveis com a sua voluptuosidade, de bem com a sua condição, autoestima em alta, assim são estas “Gordas” muito donas de si.
“Convido as pessoas a observarem para lá da superfície das formas e a tentar entrar na alma de cada uma das peças”, é o desafio lançado por Carla M., nickname artístico de Carla Mendonça, empresária na área da comunicação.
Além das referidas 19 obras sobre cerâmica outras estarão em exposição: algumas telas, um desenho e uma cabeça equina (em polirresina) pintada pela novel artista.
Que a arte é terapêutica é do senso comum, com benefícios no bem-estar físico e emocional. Ora, a pintura surge na vida de Carla M. como uma forma de se agarrar à vida e de expressar todo o respeito por ela. O estertor foi um difícil episódio de saúde, que lhe trouxe naturais receios, mas também um grito interior de revolta. A autora comunicou toda a vida, por deferência profissional, mas havia ainda muito por dizer. Numa faceta mais escondida, mas reveladora de nobreza sentimental.
“Ao longo dos anos tenho amplificado a voz dos outros”, nesta primeira exposição “vou amplificar a minha voz e a alma do meu trabalho artístico”, sublinha, ao explicar que pinta como respira – “de forma instintiva, emotiva, crua”. Talvez por isso mesmo, os primeiros traços e cores “surgiram em papéis banais, seixos ou outros objetos que me despertaram algo”.
“Quando pinto é um momento muito meu e qualquer simples gesto, conversa ou acontecimento pode ser inspirador”, complementa, acrescentando ser “a forma de comunicação mais livre” que encontrou. Uma liberdade que, a partir de 6 de dezembro, transfere para os visitantes da exposição, para que cada olhar possa construir uma nova história.

