"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

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Colóquio Teatro Espaço Vazio e Democracia - 40 anos, balanços e testemunhos

Este TEVeD - Teatro Espaço Vazio e Democracia - é sobre o teatro que fizemos, sobre o teatro que fazemos. Desta vez, é a sua nona edição, a palavra é dada aos espectadores. Em cena na sala-estúdio serão eles os intérpretes, os protagonistas.

13 Dez 2025  |  14h30

Sala Estúdio do Teatro da Rainha
Sala Estúdio do Teatro da Rainha | Rua Vitorino Fróis - junto à Biblioteca Municipal - Largo da Universidade | Edifício 2 | 2504-911 Caldas da Rainha
Convidámos um conjunto de espectadores que ao longo dos anos e de modo constante e com amizade nos têm reportado as suas impressões e comentários críticos - como diria Gramsci, e aqui repito, estes convidados são “um exército de capitães”, são espectadores muito particulares e muito singular será a relação que têm connosco - a metáfora dos capitães será datada, mesmo que as armas estejam aí de volta, mas dá para perceber a lógica entre iguais que a consubstancia. Não somos de comandantes e comandados.

De que se trata?

De testemunhos das várias gerações que connosco têm “feito teatro” nestes 41 anos de existência o que, no país que somos, não sendo milagre não estará longe de o ser, conhecido o caminho de pedras desta arte de equipas e por isso dispendiosa, em Portugal.

Testemunhos que cada um dos participantes elaborará a partir da memória, porventura única, de uma noite, de um dramaturgo em particular, de um núcleo de actores, de um espaço físico, de uma encenação. Mas também de lógicas de repertório, de escolhas que praticámos e praticamos, das traduções efectivadas, de cursos das coisas mais que de actos isolados, de insistências e repetições, de combate pela língua, dos elencos e distribuições, de obsessão pelo rigor do jogo de actor e suas cifras estilísticas, do registo gestual mínimo como estética da contenção ao excesso grotesco e farsesco, ao burlesco, ao circo, ao registo híper realista, ao récit de vie (Ella), ao “kabuki”, à comédia aristofânica e à tragédia revisitada (Ajax e Antígona). Foram esses os reptos lançados.

O objectivo será, entre outros, o de escapar neste acto único de projecção de memórias, à velha dicotomia gosto / não gosto, ao vazio crítico em que encerraram o teatro e de alguma forma o próprio debate social subsequente, presos que estamos ao usar essa reacção clichê aos fluxos publicitários adaptados à alucinação competitiva vertiginosa de tudo nestes tempos que nos calharam viver. O tempo de maturar um comentário, de reflectir, não existe, subsumido que está pela profusão de solicitações em agenda e pela velocidade com que vão sendo substituídas nos ecrãs imperiais em que se consomem e não lêem. Alguém pode imaginar que a versão integral do Fausto, de Goethe, seja experiência de fruição possível e idêntica a um episódio de série ou a umas variedades e graçolas requentadas na hora?

São coisas diferentes, bem sei, mas também sei que o entretenimento é imperial e tudo ocupa. Nestes tempos miseráveis em que o pensamento não tem nem o estatuto da gastronomia e seus chefs – é o mercado quem mais ordena – a estupidificação é virtuosa e a tragédia diária tratada pelos grandes poderes com cinismo racista ao mesmo tempo que é adornada de graçolas.

Relevante para esta arte única da simultaneidade presencial, única na medida que é um outro da política pois materializa um parlamento sensível, é cumprir a sua missão artística e cívica, permitir que cada um entre “o todos de uma sala”, uma comunidade instante e nela o sujeito individualizado e ser social, se aproprie de uma memória não descartável, experiência que pode regressar pela vida fora em circunstâncias dadas, muitas vezes limite. Era esse o juízo que Althusser fazia sobre a especificidade e singularidade do teatro, a sua força para além do seu poder efémero no acto teatral. Essa potência da singularidade de uma memória supera o seu carácter momentâneo e passa a ser parte do sujeito espectador, ele incorporou-a – isso dizia Steiner acerca de “decorar” uma poesia, ele falava de incorporá-la, de sabê-la de coração, de cuore.

Serão intervenientes o Nuno Lopes, Arquitecto e Urbanista, a Paula Carvalho, Psiquiatra, a Teresa Paula, Empresária, a Rita Faria, Professora Universitária, a Inês Pereira, Professora, a Christine Zurbach, Professora Universitária, o Luís Varela, Encenador, o José Ricardo Nunes, Poeta e Jurista, a Teresa Albuquerque, Presidente da Fundação de Mateus, o José Luís Ferreira, Director Artístico e Conselheiro Cultural, o Carlos Lobato, Jornalista, o António Mora Ramos, Engenheiro, a Isabel Xavier, Professora, o Paulo Nuno Silva, Fotógrafo, a Margarida Amaral, Professora, a Margarida Araújo, Fotógrafa, o Henrique Manuel Bento Fialho, Poeta e Ensaísta e o José Serrão, Designer Gráfico e Arquitecto.
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