Num futuro próximo, num país que pode ser o nosso, o poder veste fato e gravata, manipula a memória e distorce a verdade. Os crimes do passado são silenciados por um regime que domina tanto por palavras como pelo ruído mediático.

No centro desta paisagem desolada, Electra cala-se. Esta Electra não grita. Não invoca os deuses nem desafia os tribunais. O seu silêncio é uma forma de resistência — um luto profundo, intransmissível, que rejeita as narrativas fáceis da justiça ou da vingança. A seu lado, Orestes regressa do exílio com o desejo de fazer justiça pela morte do pai. Mas poderá a vingança restaurar o que foi perdido?

“O Silêncio de Electra” revisita os grandes temas da tragédia clássica — o poder, a memória, o luto, a justiça — para os colocar num contexto atual e reconhecível: uma sociedade onde os crimes se apagam com comunicados e onde a dor só é válida se for rentável. Electra, com o seu silêncio, recusa tudo isso.

Uma adaptação que se aprofunda num jogo trágico sobre tudo o que não foi dito. Uma tentativa de escutar o que resta depois do grito. E, por vezes, o que resta… é tudo. 

Ficha Artística
Texto e Encenação de João Ascenso
Interpretação: Ana Cotrim, Ana Escobar Teixeira, Ana Tomé, Carolina Tábuas, Daniel Céu Silva, Elisabeth Carreira, Joana Ferrão, Joana Lopes, Laura Ramalho, Leonel Lopes, Maria Bispo, Rita Custódio e Vitória Redondo
Desenho de Luz e Op. Técnica: Enzo Ballaré
Fotografia: Patrícia Blázquez
Comunicação e Imagem: Ana Veiga
Produção: Carolina Cid

>> Bilhetes