Ordem Internacional e Multilateralismo

Sahara Ocidental: O conflito esquecido, por Rui Novais

Trinta anos de ocupação ilegal marroquina, uma deliberação do Tribunal Internacional de Justiça, e diversas resoluções da ONU não foram suficientes para pôr termo ao exílio e negação da identidade do povo saraui, nem para resolver o conflito no Sahara Ocidental. O posicionamento português, pela aquiescência e letargia relativamente ao processo está mais próximo do reconhecimento de facto da integração da ex-colónia espanhola no Reino de Marrocos. Apesar de pragmática, tal postura caracteriza-se por um vazio ético principalmente quando comparada à atitude pró-ativa da diplomacia portuguesa em Timor-Leste. A proximidade temporal e as semelhanças entre os dois casos justificam que, no âmbito desta comunicação, a análise do posicionamento português relativamente ao Sahara Ocidental seja feita por contraposição à questão de Timor-Leste. Tal exercício comparativo é revelador da dualidade de critérios que caracterizam os 25 anos de política externa portuguesa face á questão saraui. Para tal, três exemplos são expostos relativamente à dualidade da posição portuguesa.