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Património Material

Palheiros da Costa Nova

Distrito: Aveiro
Concelho: Aveiro

Tipo de Património
Património Material
Descrição

Na praia da Costa Nova, voltado para a ria de Aveiro, encontra-se um conjunto de "palheiros" pequenas habitações construídas em madeira características desta zona , os quais constituem uma atracção turística e um tema importante na etnografia da Região. Foi nesse local que o Pescador construiu a sua habitação com os materiais que tinha ao seu alcance e que melhor se coadunavam com a natureza do solo. Era desta forma que, até há pouco tempo, se construíam este tipo de habitações em madeira e estormo, ou estorno; a madeira vinha dos pinheiros que ajudavam a fixar a duna e o protegiam dos ventos; o estormo (gramínia abundante nas areias do litoral) substituía o colmo dos cereais, na cobertura; é daí que vem o nome "Palheiros". Estes palheiros eram assentes em estacaria, de forma a que as areias, assim como as águas nas marés vivas, pudessem circular sob elas livremente; estas habitações tinham uma pequena escada exterior em madeira que dava para um patamar, abrindo-se uma porta. O sal, um produto muito abundante na zona, funcionava como defesa contra a bicharada que tentasse atingir a estacaria de suporte da habitação. Mais tarde, o espaço entre cada estaca foi sendo coberto com pranchas de madeira, descendo a casa até ao solo, destinando-se o rés-do-chão a arrecadação de utensílios de pesca e guarda de produtos alimentares. As casas mais modestas eram construídas com tábuas sobrepostas de forma horizontal; as mais abastadas eram pintadas. No caso das casas mais requintadas, as casas são dispostas de forma vertical, encostadas umas às outras, sendo as juntas tapadas com ripas, protegendo do vento e da chuva. Aquelas são pintadas de cores vivas (verde, vermelho, azul e amarelo) e as ripas são sempre brancas. Durante a época balnear, os pescadores cediam os Palheiros aos patrões das "Campanhas", que "vinham a banhos" com a família, de Aveiro e Ílhavo. A casa primitiva era pequena, rectangular, assente em estacaria, apenas com uma só porta central e, quando muito, com uma ou duas pequenas janelas. A planta mais simples só tinha uma divisão que funcionava, simultaneamente, como cozinha e quarto de dormir. Quase todas as casas tinham um forno de tijolo, no qual se cozia uma vez por semana pão de milho o qual, com as couves, constituía a base da alimentação; o forno estava assente num género de padiola em madeira, saliente do primeiro andar. Entretanto, foram surgindo outros tipos de casas, mais complexas. A casa de forma rectangular, com dependências alinhadas umas a seguir às outras, surgiu como consequência do aumento da família na casa de divisão única. Mais tarde, foram surgindo outras já com uma salinha, para receber. À medida que a família crescia, as casas íam aumentando no número de divisões interiores em dependências originalmente amplas ou de sucessivas justaposições exteriores. Noutros casos, o espaço é ampliado, ligando duas ou mais casas ao lado umas das outras através de portas ou, quando fronteiras, por passadiços suspensos entre as ruelas. Era raro as divisões interiores chegarem ao tecto pois, um tabique de pranchas justapostas com 1,80 a 2m de altura era suficiente para separar os quartos uns dos outros, da cozinha e mesmo da sala. Um grande número destas casas tem pequenos quintais onde as mulheres plantam batatas, cebolas, alhos e couves (não plantam nunca milho pois este puxa muito pela terra) havendo, por vezes, algumas figueiras e pereiras. Actualmente, estas construções são feitas em alvenaria ou cimento, embora se mantenha, na sua fachada, o aspecto primitivo dos Palheiros.

Data de atualização
14/10/2015
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