Ambiente e Natureza
Estufa Fria
A Estufa Fria, uma área superior a 1 ha, localiza-se no canto noroeste do Parque Eduardo VII, no espaço onde antigamente existiu uma pedreira.
Na primeira década do séc. XX, o Sr. Manuel, um jardineiro da Câmara Municipal de Lisboa (CML), aproveitou a antiga pedreira, voltada a Sul, para instalar vasos com plantas delicadas, que exigiam maior protecção dos ventos agrestes do Norte. Iniciou-se, desta forma, uma protecção rudimentar.
Por sua vez, em 1912, procedeu-se à 1ª inauguração, que originou a implantação, no mesmo local, de um amplo abrigo para as plantas mais sensíveis às condições climatéricas de Lisboa.
O grande impulsionador da construção da Estufa foi o Comandante Quirino da Fonseca, Vereador e Vice-Presidente da CML. Após ter sido objecto de uma grande modificação e ampliação pelas mãos de Raul Carapinha, a Estufa foi inaugurada oficialmente em 1933.
Posteriormente, em 1947, foi acrecentada uma nova ala ao corpo da Estufa, utilizada para a construção de um espaço que conheceu várias funções ao longo do tempo (inicialmente funcionou aí um teatro, mais tarde foi prevista a criação dum Museu de História Natural, e actualmente destina-se à realização de eventos culturais - feiras, exposições e festas). Nesta ala foi aberta a nova entrada.
A existência de água abundante, vinda de uma nascente, aliada à altura da parede da pedreira, permitiram a plantação e o desenvolvimento de inúmeras espécies botânicas provenientes de vários continentes ou regiões como a China, Coreia, África, Austrália, Brasil, Antilhas, Perú e México, constituindo um viveiro natural de vegetação, com exemplares classificados de raros.
Este autêntico museu vegetal é composto por quatro áreas distintas: uma zona de passeio à beira de um lago grande e três estufas, nomeadamente as Estufas Fria, Quente e Doce.
O passeio ao longo do lago grande é parcialmente efectuado a partir da Estufa Fria, apresentando no meio do lago uma ilha de grandes dimensões.
A Estufa Fria surge para proteger o crescimento da vegetação das intempéries do Inverno. Esta estufa é constituída por 181 espécies organizadas em três grandes grupos, nomeadamente: Pteridófitas (fetos e plantas afins), Gimnospérmicas e Angiospérmicas. Este último, subdivide-se, ainda, em duas classes: Dicotiledóneas e Manocotiledóneas. Por sua vez, todas estas espécies encontram-se devidamente catalogadas e distribuídas por 18 núcleos de canteiros, taludes e 11 lagos.
A Estufa Quente, situada a Norte, é envidraçada e protege as plantas que necessitam de maior calor e humidade, como é o caso das plantas tropicais.
A Estufa Doce, também situada a Norte e envidraçada, é a estufa de menores dimensões, onde se desenvolvem várias espécies de plantas carnudas ou gordas dispostas em canteiros.
Todo este espaço verde, no seu conjunto, desenvolve-se em diversos planos em declive, caracterizados por arruamentos e patamares entrecruzados, escadarias e vários elementos decorativos, nomeadamente elementos de estatuária, como "Vento Garroa", de Domingos Soares Branco, "Nu de Mulher", de Anjos Teixeira (filho), "Menina calçando a meia", de Leopoldo de Almeida, e ainda regatos, cascatas e nichos, grutas, lagos e fontes.
Azálea (Rhododendron simsii Planch); Ericáceas (Rhododendron mucronatum Blume); Ananás (Ananas comusus (L.) Menrill var. variegatus (Lowe) Moldenke); Cameleira (Camelia japonica L.); Estrela de Natal, Cardeal (Euphorbia pulcherrima Willd ex Klotizeh); Rosa banksia (Rosa banksiae sit. F. "Lutea"); Clívia híbrida (Clivia x cyrtanthiflora Van Houtte Voss); Coroa-de-Cristo ou Martírio (Euphorbia milii Des Moulins var. splendens Boj. Ex. HooK Ursch et Leandri)); Peónia arbórea (Paeonia suffruticosa Haw); Feto arbóreo (Dicksonia antarctica Labill); Glicínia da China (Wisteria sinensis (Sins) Sweet); Aucuba-de-Japão (Aucuba japonica Thunb. "Concolor").
Bibliografia:
CAIXINHAS, Maria Lisete, Flora da Estufa Fria de Lisboa, Lisboa, Verbo, 1994.
RODRIGUES, José Armando, COSTA, José Lino, MAGALHÃES, Maria Filomena de, ANGÉLICO, Maria Manuel, Oásis Alfacinhas : Guia Ambiental de Lisboa, Lisboa, Verbo, 1998.