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Irónico, erotíssimo, brutal: o novo livro de poesia de António Cabrita

Bicho Carpinteiro marca o regresso de António Cabrita, um poeta que tanto cultiva a escassez como a iconoclastia.

Mesmo num poeta singular como Cabrita, este livro é muito singular: erotíssimo, por vezes brutal, por vezes de uma delicada ironia.

Em contraponto – ou melhor, reiterando tudo o que se disse sobre a poesia do autor – as ilustrações de Bárbara Assis Pacheco acrescentam um pingo de escândalo.

Garantia o Woody Allen: «o cérebro é o meu segundo órgão favorito». Seria uma trabalheira desmenti-lo. Facto é que o sexo não se deixa desarmar tão facilmente pela força da sublimação como D. H. Lawrence alvitrou. Mantém-se como um funâmbulo sobre o arame. E o mistério persiste, tenho a certeza de que o Fernando Pessoa, esse «raciocinador», teve a mesma reacção do que eu à primeira vez: É só isto? Levei décadas (ele resolveu sublimar) a reabilitar a sensibilidade perdida.

E fui-me tornando sucessivamente amante da Ava Gardner, da Shirley MacLaine, da Debra Winger, da Eva Mendes, de uma ou outra anónima. Porque não contá-lo? Pobres poetas os que castram em si o que poderia ter sido. Desdenham do Satélite Aristóteles a lucilar no espaço.

Fala-se disso comedidamente. O que gostava no Miller é que a «uma foda egípcia» seguiam-se cinco páginas esplendorosas sobre o Matisse. Um dos motivos por que a Alexandra Alpha do Cardoso Pires é o seu romance menos mencionado é a soltura com que nele o sexo debica, gorjeia, expande as traqueias a uma escrita sublime.

Quanto a mim, só me restava mitigar o escândalo do livro de poemas místicos que se seguirá com esta prova do meu eclectismo eclesiástico.
– António Cabrita


António Cabrita
 nasceu em 1959, rente ao Pragal. Tem trinta e muitos livros publicados e, depois de vencer o Prémio PEN, em 2018, com Anatomia Comparada dos Animais Selvagens, e de alcançar a shortlist do Prémio Literário Casino da Póvoa, em 2023, com Tristia, foi redescoberto como poeta. Ícaro e Death Can Dance são os seus últimos livros neste domínio. Recentemente, escreveu duas peças para a actriz Maria João Luís. Este ano de 2025 assinalará o seu regresso de Moçambique com a edição de dois livros de ficção, As Cinzas de Maria Callas - ao qual foi atribuído o Prémio Literário Armando Baptista-Bastos 2024 - e Se não me queres amar agora no inverno, quando? 

Ficha Técnica:
Categoria(s): Ficção, Literatura de Língua Portuguesa, Poesia
Nº de Páginas: 120
Ano de Edição: Maio 2025
ISBN: 978-989-576-245-3
Formato: 16x20
Capa: Brochado
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