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O E.T. de Spielberg, David Bowie e Dominga Sotomayor na nova temporada do Batalha
De setembro a janeiro, o Batalha Centro de Cinema vai de blockbusters do passado ao cinema de autor do presente, de um ciclo sobre Bowie ao primeiro livro em torno da obra de Cláudia Varejão.

A rentrée do Batalha Centro de Cinema, no Porto, faz-se com um clássico para todas as idades: E.T. – o Extraterrestre, de Steven Spielberg, estreado em 1982 no Festival de Cannes e precursor do blockbuster moderno. É o filme que dá o ponto de partida do ciclo Quando o Telefone Toca, que entre 6 de setembro e 25 de outubro visa instigar “diálogos improváveis entre telefones analógicos e dispositivos digitais”, convidando os espectadores a refletir sobre a maneira como as transformações tecnológicas tiveram impacto nas dinâmicas quotidianas de comunicar, nos modos de vida e na própria prática cinematográfica.
Este programa, com curadoria de Justin Jaeckle, Diogo Costa Amarante e Inês Sapeta Dias, atravessa 15 países e mais de um século de cinema, à boleia de blockbusters, filmes de artista e cinema de autor, cujas narrativas andam em torno de “chamadas telefónicas, obras filmadas com telemóveis, e cenários que exploram a câmara do telefone como uma arma ambivalente, que pode servir tanto como meio de resistência contra regimes autoritários como instrumento de vigilância, agressão e julgamento na praça pública”, lê-se no comunicado de imprensa do Batalha.
Além de E.T., Quando o Telefone Toca conta com o primeiro Gritos (Scream), de 1996, que abre com uma das chamadas telefónicas mais icónicas do cinema popular americano e do cinema slasher, protagonizada por Drew Barrymore.
Atenções redobradas também para The World (2004), de Jia Zhangke, luminária do cinema independente chinês; The Uprising (2013), de Peter Snowdon, um relato na primeira pessoa, filmado com várias câmaras, sobre os protestos e revoltas da Primavera Árabe, e para Tangerine (2025), de Sean Baker, vencedor do último Óscar com Anora. Filmado com três iPhones, debruça-se sobre as deambulações por Los Angeles de uma trabalhadora do sexo transgénero, interpretada pela vulcânica Kitana Kiki Rodriguez, que Baker conheceu num centro LGBTI+ da cidade californiana.
Atenções redobradas também para The World (2004), de Jia Zhangke, luminária do cinema independente chinês; The Uprising (2013), de Peter Snowdon, um relato na primeira pessoa, filmado com várias câmaras, sobre os protestos e revoltas da Primavera Árabe, e para Tangerine (2025), de Sean Baker, vencedor do último Óscar com Anora. Filmado com três iPhones, debruça-se sobre as deambulações por Los Angeles de uma trabalhadora do sexo transgénero, interpretada pela vulcânica Kitana Kiki Rodriguez, que Baker conheceu num centro LGBTI+ da cidade californiana.
Outro dos destaques da nova temporada é a retrospetiva da obra da realizadora chilena Dominga Sotomayor, que integra todas as suas longas-metragens, uma seleção de curtas e uma masterclass. Uma das paragens obrigatórias deste ciclo, a decorrer entre 16 de novembro e 13 de dezembro, será Tarde para Morir Joven, um retrato de adolescentes que vivem na Comunidade Ecológica de Peñalolén no Verão de 1990, num Chile em reconstrução após a queda da ditadura de Pinochet. Com Tarde para Morir Joven, Dominga Sotomayor tornou-se na primeira mulher a vencer o Leopardo de Melhor Realização no Festival de Locarno.
A 29 de outubro, o trabalho da artista visual, cineasta e investigadora Mónica de Miranda – uma das artistas que representaram Portugal na última Bienal de Arte de Veneza – estará em foco através de uma sessão de filmes, uma conversa e o lançamento da publicação sobre a exposição Profundidade de Campo, apresentada na Galeria Municipal do Porto e na Escola das Artes da Universidade Católica.
Antes, em setembro, o Batalha lança o primeiro livro dedicado à prática artística da realizadora portuguesa Cláudia Varejão, com textos de Catarina Vasconcelos, Gaia Furrer, Genevieve Yue, Maria Filomena Molder e Rachael Rakes, e fotografias inéditas da cineasta. Nesse mesmo mês, no dia 27, regressa o projeto Vai e Vem, em que vários espaços vizinhos do Batalha, como o Café Java, a Camisaria Inês ou o Restaurante Casa Pereira, acolhem a exibição de filmes do acervo da Filmoteca do Centro de Cinema.
O programa mensal Câmara Sónica, que coloca em diálogo a exploração sonora, o cinema e a imagem em movimento, com curadoria de Diana Policarpo e João Polido, continua com a performance do artista sonoro e cineasta canadiano Joshua Bonnetta. Também fora do cinema puro e duro, o Batalha prossegue com a aposta em exposições.
A primeira da nova temporada, entre 6 de setembro e 29 de novembro, é a segunda edição da exposição Sobre um filme, sobre um poema, com curadoria do poeta e crítico literário Diogo Vaz Pinto, que reúne dez poetas, aqui com textos criados a partir de filmes. Segue-se Fanfare 2025, da artista visual Priscila Fernandes, numa parceria com a Solar – Galeria de Arte Cinemática. No final do ano, inaugura-se Mare’s Nest, do cineasta britânico Ben Rivers, uma exposição ancorada no seu filme homónimo, co-produzido pelo Batalha e selecionado para a próxima edição do Festival de Locarno.
por Mariana Duarte in Público | 23 de julho de 2025
Notícia no âmbito da parceria Centro Nacional de Cultura | Jornal Público