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Festival DocLisboa propõe filmes que "não fogem do conflito ou da memória"

O festival de cinema DocLisboa, desenhou uma programação para “revisitar o que foi vivido para imaginar o porvir”, com filmes que “não fogem do conflito ou da memória”.

Bobò, de Pippo Delbono

A 23.ª edição do Doclisboa - Festival Internacional de Cinema foi apresentada em Lisboa pela nova direção, encabeçada por Hélder Beja, dando conta de alguns dos mais de 200 filmes a exibir entre 16 e 26 de outubro.

“Estes filmes não fogem do conflito ou da memória; antes, acolhem-nos, encontrando no cinema uma forma de percorrer história, cultura e ideias e convidando-nos – num gesto de criatividade e resistência – a continuar a habitar este mundo”, afirma a direção no texto explicativo do festival.

Este ano, o festival reparte-se pela Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal, com 211 filmes provenientes de 54 países, incluindo 31 obras portuguesas.

A competição portuguesa conta com uma dúzia de curtas e longas-metragens, entre as quais “A baía dos tigres”, de Carlos Conceição, “Andar com fé”, de Duarte Coimbra, ambos em estreia mundial, e “Fuck the Polis”, de Rita Azevedo Gomes, que venceu em julho o grande prémio do festival de Marselha (França).

O DocLisboa começa de olhos postos na Palestina, com o filme "With Hasan in Gaza", do realizador palestiniano Kamal Aljafari, e que é "uma homenagem urgente à resistência em Gaza", construída a partir de filmagens feitas em 2001, quando o cineasta, acompanhado de um amigo, Hasan Elboubou, procurava um antigo companheiro de prisão, com quem fora detido em 1989, ainda adolescente.

Para o Doclisboa, "este é um 'road movie'" através de "um território em resistência" em que a vida comum dos seus habitantes coabita com a permanente violência da ocupação.

No texto de introdução ao DocLisboa deste ano, Hélder Beja lembra ainda que “o cinema não é certamente a solução para a tragédia da guerra, da carnificina, do genocídio de um povo, para a ascensão dos nacionalismos e dos novos fascismos, para a crise ambiental que seca até as ideias”.

“Mas o cinema é, ou ao menos pode ser, um lugar para pensar o mundo e pensar sobre o mundo”, escreveu.

Da programação, o festival destaca “um momento incontornável” com a exibição de “As Brigadas Revolucionárias na Luta Contra a Ditadura (1970-1974)”, “filme documento de Luiz Gobern Lopes sobre os movimentos anti-fascistas durante o Estado Novo”.

A programação do DocLisboa também vai incluir a estreia da versão integral – com mais de cinco horas - de "O Riso e a Faca", filme de Pedro Pinho premiado em Cannes (prémio de Melhor Atriz para Cleo Diára).

Na secção "Heart Beat" será apresentado "Memórias do Teatro da Cornucópia", filme de Solveig Nordlund construído com recurso a imagens de arquivo de vários espectáculos da companhia fundada por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, desde a sua origem, em 1973, até ao seu encerramento, em 2016.

Nesta mesma secção será prestada homenagem ao encenador norte-americano Robert Wilson, recentemente falecido, e ao compositor italiano Luciano Berio, nascido há cem anos, em outubro de 1925, além de filmes que convocam músicos como Jeff Buckley, Madonna, os Duran Duran e Andy Kaufman.

Em junho, o Doclisboa já anunciara uma retrospetiva dedicada ao cinema documental do realizador norte-americano William Greaves, numa parceria com a Cinemateca Portuguesa.

Entre os convidados deste ano está o realizador canadiano Denis Côte, que apresentará o filme “Paul”, sobre um homem que “sofre de depressão e ansiedade social”, e que criou um personagem “profundamente submisso que faz sucesso no Instagram”.

O realizador franco-norte-americano Eugène Green estará em Lisboa para apresentar, a fechar o Doclisboa, o filme "A Árvore do Conhecimento", no qual efabula sobre um adolescente, um ogre e um pacto obscuro, "numa crítica nem sempre velada ao modo como a cidade se rendeu ao turismo", descreve o festival.

O DocLisboa – Festival Internacional de Cinema, dedicado sobretudo ao documentário, é dirigido desde março por Hélder Beja, numa estrutura que conta ainda com Boris Nelepo e Cíntia Gil como programadores.

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Fonte: LUSA | 25 de setembro de 2025

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