"É de Cultura como instrumento para a felicidade, como arma para o civismo, como via para o entendimento dos povos que vos quero falar"

Efemérides

Nascimento de Pedro Tamen

A 1 de dezembro de 1934, nasceu o poeta e tradutor literário português Pedro Tamen.

Foto de Pedro Loureiro, © LER
(Lisboa, 1 de dezembro de 1934 – Setúbal, 29 de julho de 2021)

Pedro Tamen é um dos poetas mais reconhecidos na sua geração. Jurista de formação, encontra na Faculdade de Direito Nuno Bragança, um dos nomes referenciais do romance moderno. Em 1954, funda «Anteu», cadernos de cultura, e em 1957 é chefe de redação de «Encontro», influente órgão da Juventude Universitária Católica (JUC), tendo sido um dos fundadores de um influente cineclube – o Centro Cultural de Cinema (CCC). O primeiro livro de poemas é desse período: «Poema para todos os dias» (1956). Com António Alçada Baptista e João Bénard da Costa participa no projeto da Livraria Morais, de grande significado cultural, que culminará na fundação da revista «O Tempo e o Modo» (1963), correspondente aos «Cuadernos para el Dialogo» de Joaquim Ruiz Gimenez, com que mantém contactos estreitos. Além de ser autor do título da revista, funda e dirige a coleção «Círculo de Poesia», onde publica «O Sangue, a Água e o Vinho» (1958). Em 1960 dá à estampa «O Primeiro Livro de Lapinova». É subdiretor da revista de atualidades «Flama» (1961). Publica: «Poemas a Isto» (1963), «Daniel na Cova dos Leões» (1971), «Escrito de Memória» (1973), «Os Quarenta e Dois Sonetos» (1973). É diretor literário da Livraria Moraes (até 1975), membro da primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores, sendo eleito Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian (exercendo funções de 1975 a 2000). Prossegue fecunda atividade de publicação: «Agora, Estar» (1975), «20 Anos da Coleção Círculo de Poesia. 20 Anos de Poesia Portuguesa» (1977), «Aparelho Circulatório» (1978), «Horácio e Curiácio» (1981) – Prémio D. Diniz (1982), «Princípio do Sol» (1982), «Antologia Provisória» (1983), «Allegria del Silenzio» (tradução italiana, 1985), «Delfos, opus 12» (1987). É eleito Presidente do Pen Club Português (1988-1991). Recebe o Prémio português de tradução e é finalista do Prémio Europeu de Tradução, com «A Vida Modo de Usar», de Georges Perec (1990). Em 1991 sai a poesia reunida em «Tábua de Matérias» (Prémio da Crítica e Grande Prémio Inapa de Poesia) e é de novo finalista do Prémio Europeu de Tradução, com «Bouvard et Pécuchet, de Flaubert. Publica «Caracóis», com Júlio Pomar (1994), «Depois de Ver», com Fernando Azevedo (1995), e «Guião de Caronte» – Prémio Nicola de Poesia (1997). Em 1997 sai a lume a Antologia em língua magiar e em 1998 a Antologia em língua francesa «Maître ès-sanglots», com tradução de Patrick Quillier. Em 1999 são publicadas a Antologia em língua búlgara e o disco-antologia «Escrita Redita» (com Luís Lucas). Reformado da Fundação Gulbenkian, continua a publicar: «Memória Indescritível (Gótica) – Prémio Bordalo e Pen Clube -, realizando a tradução da integralidade de «Em Busca do Tempo Perdido», de Marcel Proust (2003-2005). Em 2001, sai em Inglaterra «Honey and Poison – Selected Poems», com tradução de Richard Zenith. No mesmo ano, publica «Retábulo de Matérias – Poesia 1956-2001» – onde está reunida toda a obra poética até esse momento. Em 2002 é publicado em Espanha «Caronte y Memoria», com tradução de Miguel Viqueira (Huerga y Fierro, Madrid, coleção «La Rama Dorada»). A obra sairá no Brasil, «Caronte e Memória», com prefácio de Carlos Nejar (2004), e em tradução búlgara (2005). Assinalando os 50 anos da vida literária, é publicado «Analogia e Dedos» – Prémios Luís Miguel Nava e Inês de Castro (2006). Seguem-se «O Livro do Sapateiro» (2010) e «Um Teatro às Escuras» (2011). Obtém o prémio Correntes de Escritas do Casino da Póvoa de Varzim e o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores por «O Livro do Sapateiro». Em 2013 dá à estampa «Rua de Nenhures». Membro muito relevante do Centro Nacional de Cultura, em Pedro Tamen encontramos um poeta com grande maturidade artística, com excecional domínio da língua e uma vocação temática universalista, sendo hoje um símbolo vivo da grande qualidade da poesia contemporânea.

Guilherme d’Oliveira Martins
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