Efemérides
Cem anos de José Cardoso Pires
No dia 2 de outubro de 1925 nasceu o escritor José Cardoso Pires.
 
                                    No ano em quem celebramos oitenta anos de vida, celebramos também o centenário de um dos nossos sócios mais ilustres, que em determinado momento da nossa existência exerceu em 1973 as funções de presidente da direção, em sistema de rotação. José Cardoso Pires, referência fundamental da literatura portuguesa, nasceu a 2 de outubro de 1925, no concelho de Vila de Rei, em Castelo Branco. Filho de um oficial da marinha, tendo vindo para Lisboa ainda criança. Homem dos sete ofícios, exerceu várias profissões, entre as quais, redator da revista feminina, Eva, de Carolina Homem Cristo, em finais dos anos 40. Em 1949, publica o seu primeiro livro, “Os Caminheiros e Outros Contos”, proibido pela censura. Nos princípios dos anos 50, foi detido pela PIDE depois da apreensão do seu livro de contos “Histórias de Amor”. Nos anos 60 foi membro da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1963 publicou “Hóspede de Job”, livro dedicado ao seu irmão, morto quando cumpria o serviço militar nos anos 50, de que recebeu o Prémio Camilo Castelo Branco. Em 1968, publicou “O Delfim” que alcança sucesso, contendo uma análise das contradições sociais de uma sociedade de transição aspirando pela democracia. Neste tempo assume a direção do Centro Nacional de Cultura, em que se empenhara graças ao seu amigo António Alçada Baptista. Em inícios dos anos 70, foi professor de Literatura Portuguesa e Brasileira em Inglaterra, no King’s College da Universidade de Londres. Dois anos depois, já em Portugal, publica “Dinossauro Excelentísimo”, que inesperadamente se torna um furo editorial por uma inadvertência de um dos fieis do regime. Nos anos 80,  publica “A Balada da Praia dos Cães”, romance que lhe valeu o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e que daria origem ao filme de José Fonseca e Costa, em 1987. Neste mesmo ano publica “Alexandra Alpha”, que mereceu o Prémio Especial da Associação de Críticos, de São Paulo, no Brasil.
Em 1995 sofreu um acidente vascular cerebral que o levou a ficar algum tempo em estado de coma. Recuperado, publica em 1997 a obra “De Porfundis, Valsa Lenta”, pela qual recebeu dois prémios: Prémio D. Dinis e Prémio da Crítica, atribuído pela Associação Internacional de Críticos Literários. Por outro lado publica “Lisboa, Livro de Bordo”. Entre os prémios já mencionados, recebeu também o Prémio Internacional União Latina (1991), o Astrolábio de Ouro do Prémio Internacional Último Novecento (1992) e o Prémio Pessoa (1997).
Em 1998 sofre novo acidente vascular cerebral, que viria a ser a causa da sua morte a 26 de outubro, em Lisboa. Em setembro desse mesmo ano foi-lhe atribuído o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Foi autor de contos, romances, crónicas e ensaios (como em “E Agora José?”, 1977) e de peças de teatro (como “O Render dos Heróis” (1960) e “O Corpo Delito na Sala de Espelhos”, 1980). A sua presença está bem viva na nossa memória. Recordamo-lo com saudade e relendo a sua obra como realidade viva.
 
  
					
 
                     
                     
                     
             
                 
             
             
             
             
             
                    
